Rio de Janeiro, 16 de Junho de 2025

O dia da imprensa: por que ainda precisamos acreditar nela

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Segunda, 02 de Junho de 2025 às 16:22, por: Vitoria Carvalho

Para quem vive da palavra, da escuta atenta e do compromisso com a verdade, essa data tem um peso especial. É o Dia da Imprensa, e mais do que uma celebração, é um lembrete.

Por Vitoria Carvalho, da sucursal de Brasília

Foi em 1808, com a chegada da Família Real ao Brasil, que se publicou o primeiro jornal do país, a Gazeta do Rio de Janeiro. Ele era oficial, claro, e servia aos interesses da coroa. A liberdade de imprensa ainda era um sonho distante. Mesmo assim, esse pequeno passo marcou o início de uma longa caminhada. Uma caminhada feita de tinta, papel, vozes silenciadas, manchetes corajosas e, principalmente, de gente. Jornalistas que escolheram contar histórias, muitas vezes colocando sua própria vida em risco.

Hoje, mais de dois séculos depois, a imprensa mudou de forma, mas não de missão. Do jornal impresso ao feed de notícias no celular, o que nos move continua sendo o mesmo: informar com responsabilidade, apurar com rigor, dar voz a quem não tem, denunciar abusos, revelar o que está escondido. Ser um fio de conexão entre o mundo e as pessoas. Entre os fatos e a consciência coletiva.

O dia da imprensa: por que ainda precisamos acreditar nela | Imagem meramente ilustrativa
Imagem meramente ilustrativa

Tempos de fake news

Mas é preciso dizer: não vivemos tempos fáceis. A desinformação corre solta, as redes sociais turvam a linha entre opinião e fato, e a desconfiança generalizada atinge até mesmo os profissionais mais éticos e comprometidos. Jornalistas são atacados, desacreditados, ameaçados. Tudo isso porque o bom jornalismo incomoda. E incomodar, quando se está ao lado da verdade, é um sinal de que se está no caminho certo.

O Brasil precisa de uma imprensa livre, diversa, e acima de tudo digna. Digna da confiança de seu povo. Digna do suor de quem investiga no calor do cerrado, nas quebradas, nos gabinetes e nos becos. Digna da dor de mães que perderam filhos à violência, da esperança de quem acredita num país mais justo, da coragem de quem ousa falar quando o silêncio parece mais confortável.

Aqui em Brasília, onde tantas decisões que afetam milhões são tomadas, o papel da imprensa é ainda mais vital. É ela que vigia os bastidores do poder, que questiona o que muitos prefeririam deixar passar batido, que lembra, dia após dia, que transparência não é favor, é dever.

Direito a informação

Neste 1º de junho, a homenagem vai para cada repórter que encara sol e chuva, para cada editor que briga por um título mais justo, para cada fotógrafo que capta em uma imagem o que mil palavras não dariam conta de explicar. Mas, sobretudo, essa homenagem é para você, leitor, ouvinte, espectador e cidadão que ainda acredita que a informação é um direito, não uma mercadoria.

A imprensa é imperfeita, como qualquer instituição humana. Mas quando ela é feita com ética, coragem e respeito, ela se torna um dos pilares da democracia.
E por isso, neste dia da imprensa, a melhor homenagem que podemos fazer é seguir acreditando nela e cobrando que ela seja, todos os dias, honesta, plural e essencial.

 

 

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