Rio de Janeiro, 26 de Junho de 2025

Mandatário neofascista está ‘acuado’ e ‘com medo’, diz senador da CPI

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Sexta, 02 de Julho de 2021 às 13:26, por: CdB

Segundo o senador Humberto Costa (PT-PE), que integra a CPI, Miranda é uma “panela de pressão” prestes a explodir. A principal preocupação é se ele e seu irmão teriam gravado a conversa em que o próprio Bolsonaro teria atribuído ao deputado Ricardo Barros (PP-PR) o esquema da compra superfaturada da vacina Covaxin.

Por Redação - de Brasília

O presidente Jair Bolsonaro está “acuado” e “com medo”, receoso de novas denúncias que o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) possa fazer sobre casos de corrupção no Ministério da Saúde. A impressão é do senador Humberto Costa (PT-PE), integrante da CPI da Covid.

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Integrante da CPI da Covid, o senador Humberto Costa (PT-PE) aponta o aumento das dificuldades para Bolsonaro

Segundo o parlamentar, Miranda é uma “panela de pressão” prestes a explodir. A principal preocupação é se ele e seu irmão teriam gravado a conversa em que o próprio Bolsonaro teria atribuído ao deputado Ricardo Barros (PP-PR) o esquema da compra superfaturada da vacina Covaxin. Diante disso, o presidente está “numa encruzilhada”, avalia o senador.

— Bolsonaro não pode fechar os olhos para as irregularidades que Barros pode ter praticado. Mas, por outro lado, não pode abrir mão do seu apoio — disse Humberto Costa à agência brasileira de notícias Rede Brasil Atual (RBA).

Nomeação

Apesar dos ataques constantes de Bolsonaro aos integrantes da CPI, ele se cala diante dos relatos de Miranda.

— Ele não sabe se Luis Miranda está blefando ou se tem, de fato, a gravação. E ele sabe o que disse. E sabe o poder explosivo que essa fala dele tem. Pode explodir o ‘Centrão’ e todo o governo dele — disse Humberto.

Além de líder do governo na Câmara, Barros é um dos expoentes do ‘Centrão’. Atribui-se ao seu grupo político a indicação de Roberto Ferreira Dias ao ministério da Saúde. Ex-diretor do Logística, Dias teria pressionado o irmão de Luis Miranda, que trabalha no ministério, pela liberação da Covaxin.

Barros também teria sido o responsável pela nomeação da servidora Regina Célia, que autorizou a importação do imunizante indiano mesmo com as irregularidades apontadas pelo colega. Tanto Dias como Regina devem prestar depoimentos à CPI na próxima semana, segundo o senador.

Um dólar

Para o senador, o policial militar Luiz Paulo Dominguetti pode ter sido “plantado” para atrapalhar os trabalhos da CPI. Durante seu depoimento nesta quinta-feira, o depoente tentou envolver Miranda no escândalo. Ele divulgou áudio em que supostamente o parlamentar estaria negociando a venda de imunizantes.

Miranda, contudo, desmentiu a acusação, provando se tratar de uma negociação realizada em 2020 para a venda de luvas, fora do contexto apontado na sessão. Além disso, Costa afirma que ele e outros integrantes da CPI já haviam sido procurados por Dominguetti, ainda antes da sua entrevista ao diário conservador paulistano Folha de S.Paulo na qual revelou que Dias teria cobrado propina de um dólar por dose de um carregamento de 400 milhões de vacinas da AstraZeneca. Até mesmo o áudio em questão já havia sido apresentado.

— A avaliação que faço é que ele foi plantado na CPI. Pode ter sido por bolsonaristas, que queriam desacreditar a comissão, e principalmente desacreditar o deputado Luis Miranda. Ou então talvez seja uma briga de organizações criminosas que atuam no Ministério da Saúde, na disputa por propinas, enfim — conclui o senador.

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