"A sociedade precisa de previsibilidade, e isso só o Estado pode oferecer neste momento. Não se trata de superestimar os efeitos da pandemia. É preciso fazer o cidadão voltar a confiar no Estado", disse Maia, em texto disseminado pela internet, nesta quarta-feira.
Por Redação - do Rio de Janeiro
Presidente da Câmara, o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) passou a assumir um papel de liderança junto aos governadores, logo após o vácuo de poder deixado por Bolsonaro, que se indispôs com os representantes dos dois Estados mais emblemáticos do país. Ao assumir, abertamente, a disputa eleitoral contra os governadores de São Paulo, João Doria, e do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, ambos do campo da direita e extrema direita, Bolsonaro deixa espaço para Maia formar uma base no Congresso.
Maia se aproxima dos governadores, em oposição ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido)
"A sociedade precisa de previsibilidade, e isso só o Estado pode oferecer neste momento. Não se trata de superestimar os efeitos da pandemia . É preciso fazer o cidadão voltar a confiar no Estado", disse Maia, em texto disseminado pela internet, nesta quarta-feira. Figura central no golpe de estado de 2016, que derrubou a presidenta deposta Dilma Rousseff (PT), Maia concentra agora o apoio do Centrão.
“Urge ampliar os gastos extraordinários na área da saúde, pois é vital deter o avanço da contaminação pelo vírus Covid-19. Eventuais desperdícios dessas verbas disponibilizadas em caráter excepcional podem ser evitados lançando-se mão das ferramentas criadas a partir das sofistica das curvas formuladas em tempo real pelos economistas”, escreveu o parlamentar do DEM.
Estado
Segundo o deputado do Rio de Janeiro, “maior que os desafios na compra de insumos, contratação de médicos e adaptação de hospitais, é a coordenação das ações num país de dimensões continentais e enormes desigualdades regionais como o Brasil. Ao menos nessa área, além do Estado , podemos contar com a competência da gestão dos sistemas privados de saúde”.
“O mesmo não ocorre com o mercado e a sociedade em geral, que ficam à mercê da desaceleração da atividade econômica , decorrente do fechamento do comércio, das escolas, e do confinamento social. É normal que não haja suficiente certeza sobre os efeitos maléficos dessa crise, tampouco quanto às medidas que devem ser tomadas para mitigá-los. Há inúmeras propostas apresentadas pelas empresas, por associações, pela sociedade civil organizada, pelos intelectuais”, acrescentou.
De acordo com o presidente da Câmara, “existe, contudo, muita assimetria de informação. Isso ocorre num momento em que as notícias circulam abundantemente e de forma muito rápida. Nesse contexto, só um Estado forte, unido e coordenado dará conta do caos e oferecerá soluções ao cidadão”, continuou.
Doença e fome
Embora defenda os princípios neoliberais, Maia diz agora, diante da pandemia do vírus Sars-CoV-2, que “a sociedade precisa de previsibilidade, e isso só o Estado pode oferecer neste momento. Não se trata de superestimar os efeitos da pandemia . É preciso fazer o cidadão voltar a confiar no Estado”.
“Para conquistar essa confiança é preciso comunicar com clareza o planejamento das ações que estão a ser pensadas. Provavelmente, haverá mudanças em algumas das ações previstas inicialmente. Os dados e o cenários e alteram a cada dia, e é até recomendável que os planos sejam revistos à medida que avança o conhecimento do inimigo – o vírus e suas curvas de propagação. Mas o norte tem de ser, sempre , claro e convergente . É essencial coordenar as ações entre a saúde e a economia , evitando que pessoas que não morram da doença terminem vitimadas pela fome. É um equilíbrio difícil”, percebeu.
Maia aponta, ainda, que “a ocorrência de erros e de acertos nessa guerra contra o vírus era esperado. Tanto aqui, quanto lá fora. Olhando para trás, e para o sucesso e o fracasso da experiência dos países atingidos pela pandemia antes do Brasil , é fundamental ter humildade para aprender lições e reverter as ações que porventura tenham se mostrado precipitadas”.
República
“Falar em fechamento de rodovias , apartando municípios e às vezes regiões inteiras do resto do país, ainda faz sentido? Isso foi posto sobre as mesas de debate. É correto? A resposta depende de uma construção coletiva e cooperativa dos vários entes da federação, coordenadas num mesmo sentido. À disposição deles, há uma infinidade de dados e informações, além de excelentes técnicos dispostos a ajudar”.
O mesmo precisa ocorrer na área econômica, continua, “com relação ao socorro às empresas e à proteção do emprego. Muitos são os atores envolvidos. Sou do Parlamento, o Congresso é a minha área de atuação central”.
“Nunca foi tão urgente colocar em prática a coordenação entre os poderes da República . Começarmos concordando com um diagnóstico baseado em evidências empíricas e não em opiniões , além de um claro objetivo comum no curto, no médio e no longo prazo , é o melhor passo a dar a fim de avançarmos na proteção do Brasil e dos brasileiros”, conclui o presidente da Câmara dos Deputados.