Segundo o último levantamento do instituto Datafolha, do início de julho, o petista tem 58% das intenções de voto nas simulações de segundo turno, enquanto Bolsonaro tem 31% – uma vantagem mais ampla do que na pesquisa anterior, de maio.
Por Redação, com DW - de São Paulo
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que não teme as ameaças do atual presidente Jair Bolsonaro em relação ao sistema eleitoral e que a sociedade brasileira "não vai aceitar" um eventual golpe. Em entrevista à agência alemã de notícias Deutsche Welle (DW), nesta segunda-feira, Lula preferiu não confirmar sua candidatura às eleições de 2022, mas diz ser "o que a maioria da sociedade quer”, com base nas pesquisas eleitorais.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, embora não diga que será candidato, já está em campanha pela reeleição em 2022
Questionado se, num país bastante polarizado, não deveria dar espaço para um nome novo, o ex-presidente afirmou que o caminho para outras candidaturas está aberto.
— Quem quer evitar Lula candidato, não vote no Lula. Quem acha que deve haver outro candidato, se lance como candidato. O que não podemos aceitar é a mentira — declarou.
Democracia
O petista disse não ver no momento chance de o impedimento de Bolsonaro avançar, mas acredita que o presidente será cassado nas urnas pelo povo brasileiro. Seu objetivo, afirma, é "polarizar mesmo" nas eleições.
— Diga para o povo alemão que aqui no Brasil a disputa entre Lula e Bolsonaro é a disputa entre a democracia e o nazismo. É isso que está em disputa — abordou.
Segundo o último levantamento do instituto Datafolha, do início de julho, o petista tem 58% das intenções de voto nas simulações de segundo turno, enquanto Bolsonaro tem 31% – uma vantagem mais ampla do que na pesquisa anterior, de maio.
Aos jornalistas, Lula acrescenta que não guarda qualquer sentimento de ódio ou vingança.
— Nem vingança, nem ódio. Eu me preparei na prisão para enfrentar a diversidade do momento que eu estava vivendo. Eu tinha consciência do processo todo, da mentira contada, da farsa e do papel que o (ex-juiz Sergio) Moro, o Ministério Público e a imprensa estava jogando. Uma parte do que nós estamos vivendo hoje com o governo Bolsonaro, com o fascismo, o nazismo e a ultradireita fazendo tudo errado, tem muito a ver com o comportamento que a imprensa teve nos últimos anos, negando a política. Eu venci, provei que aquilo que eu dizia era verdade e estou livre — afirmou.
Quadro reversível
Lula ainda se lembra de que, quando deixou a Presidência da República, o Brasil era a sexta economia do mundo.
— O Brasil estava num processo de crescimento. Crescendo enquanto país internamente, crescendo como defensor da sua soberania, mas crescendo também na sua participação a nível internacional. O Brasil tinha virado protagonista internacional. A gente viveu um momento de ouro na América Latina e no Brasil. Lamentavelmente estamos passando por um processo muito complicado, muito delicado, em que a política está sendo negada. Nós temos um presidente 100% irresponsável e mentiroso. Eu vou continuar brigando para reconstruir a democracia no Brasil e fazer o Brasil voltar a ser um país feliz — pontuou.
Quanto ao desmatamento, que aumentou dramaticamente durante o atual governo, e o enfraquecimento da luta contra as mudanças climáticas, o ex-presidente acredita ser possível reverter o quadro.
— É plenamente possível. A consciência ambiental na sociedade cresce a cada dia. Um grande número de brasileiros e de gente no mundo inteiro sabe que hoje não se pode discutir desenvolvimento econômico sem discutir desenvolvimento ambiental. É possível compatibilizar o crescimento agrícola com a preservação ambiental, pensar no crescimento econômico industrial preservando a questão ambiental — conclui o ex-presidente.