Os produtores brasileiros, no entanto, querem começar de forma gradual a vender carne para o Japão, com o argumento de que o produto nacional não competirá com a produção local ou as fontes de importação atuais, porque seria usado como insumo em processados. Outro argumento é que as condições sanitárias hoje são muito melhores do que em 2005; além do que o país é hoje zona livre da aftosa.
Por Redação – de Brasília
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) convidou, nesta sexta-feira, o primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida, a conhecer a qualidade de um dos pratos preferidos dos brasileiros: o churrasco. Interessado em que o país asiático comece a comprar carne brasileira, um pleito feito desde 2005, o presidente quer que Kishida prove a qualidade dos assados, em uma das melhores churrascarias paulistanas, avaliadas por diversas fontes como as mais requintadas do mundo.
Em conversa com jornalistas, após reunião bilateral no Palácio do Planalto, o presidente falou, de forma bem-humorada, que o vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB), levará o líder japonês a uma churrascaria em São Paulo. Alckmin e Kishida cumprirão agenda na capital paulista nos próximos dias.
— Se tiver em São Paulo, Alckmin, por favor, leve o primeiro-ministro Fumio para comer um churrasco no melhor restaurante de São Paulo, para que na semana seguinte comece a importar nossa carne, para poder gerar desenvolvimento — recomendou o presidente.
Processados
Embora Kishida não tenha respondido, diretamente, ao convite do presidente, a assessoria do premiê do Japão anotou a agenda, de forma discreta, conforme apurou a reportagem do Correio do Brasil.
O mercado japonês é um dos interesses mais caros à agropecuária brasileira, pela excelência da cozinha, e tem sido um pleito antigo do governo brasileiro. O país já exporta frango para o país asiático. Japão importa carne bovina, preferencialmente, dos EUA e da Austrália, mas os exportadores brasileiros agora têm um interesse renovado, a partir do paladar de Kishida.
Os produtores brasileiros, no entanto, querem começar de forma gradual a vender carne para o Japão, com o argumento de que o produto nacional não competirá com a produção local ou as fontes de importação atuais, porque seria usado como insumo em processados. Outro argumento é que as condições sanitárias hoje são muito melhores do que em 2005; além do que o país é hoje zona livre da aftosa.
Barreiras
Ainda que o Japão passa a importar a carne brasileira, o preço para ingressar no país teria um imposto superior ao aplicado aos produtos norte-americanos e australianos, em face dos acordos pré-fixados. Mesmo assim, segundo o Itamaraty, o produto brasileiro seria competitivo no mercado japonês.
Durante a visita do premiê, nesta manhã, Lula lembrou uma situação semelhante que ocorreu em seu segundo mandato. Na visita do então premiê Junichiro Koizumi, o presidente pediu que fossem servidas mangas ao governante japonês, com o objetivo que o país asiático aceitasse comprar frutas brasileiras. O Japão alegava preocupação com um determinado tipo de praga.
— Quatro ou cinco meses depois nós exportamos a primeira carga de frutas para o Japão. E muitas mangas saíram do aeroporto de Petrolina, em Pernambuco, para exportar para o Japão. E assim que a gente vai fazendo as coisas acontecerem. Ninguém ama o que não conhece, ninguém gosta do que nunca experimentou — concluiu.