Em sua nova entrevista ao diário britânico The Guardian, um dos maiores do Reino Unido, ex-presidente acusa Bolsonaro de não governar o país e passar "24 horas discutindo fake news”.
Por Redação - de São Paulo
Na entrevista de Luiz Inácio Lula da Silva publicada pelo jornal britânico The Guardian nesta sexta-feira, o ex-presidente disse que seu partido está se preparando para voltar ao poder. Ao ser questionado sobre uma possível candidatura, Lula contemporizou:
The Guardian Lula tem sido entrevistado pelos maiores jornais do mundo, entre eles o britânico
— Em 2022 eu estarei com 77 anos. A Igreja Católica, com seus 2.000 anos de experiência, aposenta seus bispos aos 75 — sublinhou.
Conquistas
O ex-presidente disse que sua principal missão no atual contexto é "lutar pela democracia", e não poupou críticas ao governo Bolsonaro:
— Temos um presidente que não governa, que senta e fica discutindo fake news 24 horas por dia — comentou.
O ex-presidente, que deixou a superintendência da Polícia Federal no dia 9 de novembro, após decisão do Supremo Tribunal Federal que considerou inconstitucional a prisão em segunda instância, expressou ceticismo em relação ao futuro da administração Bolsonaro:
— O Bolsonaro já deixou bem claro o que ele quer pro Brasil: ele quer destruir todas as conquistas democráticas e sociais das últimas décadas (…) vamos torcer para que ele faça algo de bom para o país... mas eu duvido — lamentou.
Política externa
O ex-presidente criticou a condução da política externa, que está sob comando do chanceler Ernesto Araújo. Desde a posse de Bolsonaro, o Itamaraty modificou a posição do Brasil em áreas nas quais o país era considerado pioneiro, como o meio ambiente.
— A submissão ao Trump e aos EUA... é realmente uma vergonha [...] a imagem do país está negativa agora — disse.
Lula demonstrou otimismo em relação à eleição do peronista Alberto Fernández na Argentina e à administração López Obrador no México, mas manifestou frustração com o recente golpe de Estado na Bolívia:
— O meu amigo Evo cometeu um erro ao tentar um quarto mandato, mas o que fizeram com ele foi um crime. Foi um golpe – e isso é terrível para a América Latina — concluiu.