Ainda na noite anterior, na transmissão ao vivo que costuma fazer às quinta-feiras, apenas algumas horas depois de sua declaração à nação, Bolsonaro voltou a afirmar que, se o presidente do TSE, ministro Luís Barroso, defende medidas protetivas ao sistema, é porque ele tem “brechas”.
Por Redação - de Brasília
Durou pouco a trégua entre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o regime democrático brasileiro. Não havia passado 24 horas desde que entregou a carta de rendição após o golpe frustrado do 7 de Setembro e, nesta manhã, o mandatário neofascista voltou a elevar o tom contra as instituições democráticas à platéia de seguidores, no chamado ‘chiqueirinho’ montado à saída do Palácio da Alvorada.
No chamado 'chiqueirinho' do Palácio da Alvorada, o presidente Bolsonaro destila sua retórica sobre os assuntos que lhe interessam
— Querem que eu saia degolando todo mundo — reclamou junto aos seus acólitos.
Ainda na noite anterior, na transmissão ao vivo que costuma fazer às quinta-feiras, apenas algumas horas depois de sua declaração à nação, redigida com auxílio do ex-presidente de facto Michel Temer, Bolsonaro voltou a afirmar que, se o presidente do TSE, ministro Luís Barroso, defende medidas protetivas ao sistema, é porque ele tem “brechas”.
— É trabalhar contra a democracia? É colocar em risco a democracia? Palavras bonitas, que sei que o ministro Barroso tem, dada sua formação jurista, diferente da minha, que tem palavrão de vez em quando, mas não convence ninguém — desafiou Bolsonaro.
Confiança
Ao vivo, nas redes sociais, o presidente também reconheceu que o conteúdo da “declaração à nação”, que divulgou mais cedo, contrariou seus aliados. Mas afirmou não ver “nada demais” no texto, um recuo diante de sua agressão às instituições, nas últimas semanas, e nos discursos do 7 de Setembro. Bolsonaro disse que acredita que vai recuperar a confiança de seus apoiadores em dois ou três dias.
— Fiz uma nota hoje que muita gente me criticou, que eu devia fazer isso e aquilo. Sou o chefe da nação e estou com o povo, onde o povo estiver. Eu estarei mais confortável se ficar no Alvorada, na minha casa, cuidar da minha vida e abandonar o povo. É comum político agir assim, ficar longe do povo. Tem cobrança, justas e outras não, que querem que eu tome medidas imediatas — disse Bolsonaro.
‘Dá um tempo’
Ele pediu ainda, a seus aliados, para “darem um tempo”, que logo reconquistará a confiança deles.
— Dá dois ou três dias para a gente. Dá um tempo — pediu.
E apresentou dados positivos nos indicadores financeiros após o anúncio da sua mensagem ao país.
— Você quer gasolina mais barata, não quer? Gás. É tudo indexado. Às 3 horas (15h) publicamos a nota e a bolsa subiu 2%, 2.800 pontos e o dólar caiu 2%. (…) Queriam que eu respondesse ao Fux, que fez um duro discurso. O Lira fez, o Aras fez e alguns do meu lado vieram com discurso pronto, dizendo ‘você tem que reagir, tem que bater amanhã — resumiu.