Rio de Janeiro, 26 de Junho de 2025

Líderes do Congresso advertem Bolsonaro quanto à crise sanitária em curso

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Quinta, 18 de Março de 2021 às 13:22, por: CdB

Alheio ao mau humor que caracterizou o discurso de Lira, nesta manhã, o presidente Bolsonaro voltou a bater na tecla dissonante quanto à responsabilidade de seu governo na pandemia que caminha a passos largos para mais de 300 mil mortos.

Por Redação - de Brasília

Se havia uma lua-de-mel entre o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e as duas Casas do Legislativo, ela já acabou ou está em vias de chegar a um final cheio de mágoas, a começar pela advertência do presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL) à necessidade do aumento imediato no ritmo da campanha de vacinação contra a covid-19 e no aumento do número de leitos e equipes médicas nas Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs) para “evitar essa agonia e esse vexame internacional” a que o país foi exposto por uma gestão catastrófica na área da Saúde.

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Lira e Pacheco concordam que a gestão do Ministério da Saúde quanto à crise sanitária tem sido catastrófica

Alheio ao mau humor que caracterizou o discurso de Lira, nesta manhã, o presidente Bolsonaro voltou a bater na tecla dissonante quanto à responsabilidade de seu governo na pandemia que caminha a passos largos para mais de 300 mil mortos.

— Parece que só morre de covid (sic). Você pega, você pode ver... Os hospitais estão com 90% das UTIs ocupadas. Quantos são de covid e quantos são de outras enfermidades? — desconfiou o mandatário, junto a um grupo de apoiadores nesta manhã, ao deixar o Palácio da Alvorada.

Lockdown

Bolsonaro, na contramão dos fatos, sugere que médicos e enfermeiros, gestores das unidades de saúde, estejam mentindo ao contabilizar pessoas internadas por outras razões como se fossem vítimas do coronavírus, para aumentar as taxas de ocupação dos hospitais. Os números veiculados sobre a lotação hospitalar, no entanto, são exclusivos para leitos de UTI destinados ao tratamento dos casos de covid-19, o que Bolsonaro faz questão de desconhecer.

Ciente do lado negacionista do chefe do Executivo, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), por sua vez, cobrou ações do Ministério da Saúde e coordenação do presidente, no enfrentamento à pandemia.

Um número cada vez maior de cidades brasileiras tem decretado lockdowns, ainda que parciais, nos últimos dias, na tentativa de conter a disseminação do coronavírus, diante do colapso no sistema de saúde e do aumento exponencial no número de mortes. Na véspera, o país registrou 2.736 óbitos pela doença, o segundo maior número desde o início da pandemia, e completou 19 dias seguidos de recordes na média móvel de mortes.

Fora de controle

Pela internet, nesta manhã,, Lira foi questionado sobre quais medidas podiam ser adotadas para o país deixar para trás a situação caótica no setor de Saúde. O deputado citou, entre outros projetos aprovados pelo Congresso, um que facilita a compra da vacina por Estados, municípios e empresas.

— Não há outras medidas hoje que não sejam facilitar a compra de vacinação, o aumento de leitos e o aumento de vacinas. Os brasileiros precisam ter esse conforto, e nós precisamos evitar essa agonia e esse vexame internacional — afirmou.

De acordo com o parlamentar, a atual onda da pandemia acontece no momento em que os integrantes do governo e da base parlamentar de apoio a Bolsonaro imaginavam que a situação estava sob controle, quando era exatamente o oposto, conforme alertaram epidemiologistas das mais diversas escolas.

— Houve um desguarnecimento dos governadores, dos prefeitos, na desmobilização dos hospitais de campanha, das UTIs. E com essa crise de hoje eu penso que nós temos que nos unir a todos, Judiciário, Legislativo, Executivo, Ministério, a sociedade civil, os empresários, os grandes hospitais, os grandes componentes aí de planos de saúde, para que a gente possa fazer um movimento único, um projeto único para o Brasil, para ter um plano de saída de guerra para este momento que nos aflige a todos — pregou.

Providências

Lira criticou, ainda, a gestão do ex-ministro general Eduardo Pazuello e disse que houve “uma certa celeuma, uma certa crise”, porque a programação de vacinação depende de fatores.

— Não tivemos um retorno correto por parte, em determinado momento, do Ministério da Saúde, e causou toda essa crise com o ministro Pazuello — descreveu.

O presidente da Câmara ainda se mostra disposto a não apontar o dedo, diretamente, para a origem da crise sanitária porque passa o Brasil, “mas tomarmos providências para que a gente consiga vacinar em massa mensalmente um número bastante razoável de brasileiros.

— Porque nós somos de longe o país em que mais crescem os casos de contaminação e de mais mortes no mundo. Então nós temos, sim, que nos unir, sem estar apontando justamente culpados — acrescentou.

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