Rio de Janeiro, 16 de Setembro de 2025

Lei institui campanha nacional contra câncer de pulmão

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Terça, 16 de Setembro de 2025 às 11:54, por: CdB

De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o câncer de pulmão é a quarta neoplasia mais incidente no Brasil.  

Por Redação, com ABr – de Brasília

Lei publicada na segunda-feira no Diário Oficial da União institui a campanha Agosto Branco, que anualmente irá conscientizar a população sobre o câncer de pulmão.  

Lei institui campanha nacional contra câncer de pulmão | Mês de agosto será dedicado a esclarecimentos sobre sintomas da doença
Mês de agosto será dedicado a esclarecimentos sobre sintomas da doença

De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o câncer de pulmão é a quarta neoplasia mais incidente no Brasil.  

Nesse mês, serão realizadas campanhas de esclarecimento sobre os sintomas da doença em todas as suas fases, prognóstico e tratamento, bem como divulgação dos serviços de atenção à saúde de referência para o cuidado dos pacientes. 

As iniciativas serão desenvolvidas pelas instâncias gestoras do Sistema Único de Saúde (SUS), em cooperação com entidades civis, conselhos e associações profissionais, além de instituições de ensino. 

Agosto 

Desde 1986, o dia 29 de agosto é considerado o Dia Nacional de Combate ao Fumo. Nessa data, são realizadas diversas ações para chamar a atenção da população a respeito dos males do tabagismo, considerado uma doença grave, caracterizada pela dependência de nicotina. Estudo feito por pesquisadores da Fundação do Câncer aponta que o tabagismo responde por 80% das mortes por câncer de pulmão no Brasil. 

Segundo o Inca, parar de fumar sempre vale a pena, em qualquer momento da vida, mesmo que o fumante já esteja com alguma doença causada pelo cigarro, como câncer, enfisema ou derrame. 

Confira, a seguir, o que acontece com o organismo do fumante ao parar de fumar: 

Após 20 minutos, a pressão sanguínea e a pulsação voltam ao normal; 

Após duas horas, não há mais nicotina circulando no sangue; 

Após oito horas, o nível de oxigênio no sangue se normaliza; 

Após 12 a 24 horas, os pulmões já funcionam melhor; 

Após dois dias, o olfato já percebe melhor os cheiros e o paladar já degusta melhor a comida; 

Após três semanas, a respiração se torna mais fácil e a circulação melhora; 

Após um ano, o risco de morte por infarto do miocárdio é reduzido à metade; 

Após 10 anos, o risco de sofrer infarto é igual ao das pessoas que nunca fumaram. 

Quem deseja parar de fumar pode recorrer ao Sistema Único de Saúde (SUS), que oferece tratamento gratuito para o tabagismo.  

Consulte aqui a coordenação de controle do tabagismo da secretaria estadual ou municipal de Saúde de sua cidade para mais informações.

Cerca de 15% dos casos acontecem em não fumantes

No início de 2022, a professora aposentada Claudete Felix de Souza, 65 anos, começou a sentir dores nas costas que a impediam de dormir. Como estava se recuperando de uma infecção pelo vírus Chikungunya, achou que ainda estava com sequelas da doença. A dor, entretanto, não passou. Pouco tempo depois, ela percebeu que estava com a respiração alterada, difícil. Passou por fisioterapia e diversos médicos especialistas até que um cardiologista percebeu que os pulmões estavam com a capacidade comprometida e com líquido acumulado.

Orientada a procurar a emergência, o diagnóstico finalmente veio: câncer de pulmão. Detalhe: Claudete nunca fumou na vida. 

– Quando a médica da emergência falou, a gente ainda não sabia onde era o câncer. Ela não especificou. Mas a palavra câncer era muito assustadora. Ainda é muito assustadora. Me desesperei – lembra.

Claudete precisou ficar internada, passou por biópsia, encontrou um bom oncologista e deu início ao tratamento com o medicamento Tagrisso 80mg, coberto pelo plano de saúde. Atualmente, o quadro é considerado sob controle. “Sempre me alimentei bem, fazia algumas atividades físicas. Não sou exemplo ou modelo de alimentação perfeita nem de atividade física perfeita. Mas sempre tive boa saúde”. 

– É difícil ouvir que você tem uma doença tão fatal, fatídica, que tem uma denominação tão estranha quando você ouve pra si – lembrou ela.

– É importante que a pessoa tenha muita clareza de que ela tem condições de sobreviver e tem que procurar bons apoios, inclusive do ponto de vista médico. Entender que um bom médico é aquele que te olha, te vê, te busca, te trata, te acompanha. É difícil achar médico assim. Outra coisa: psicólogo. A cabeça fica mal. Me sentia muito culpada, muito triste. E procurar as pessoas que realmente importam na sua vida. Minha família me apoiou muito. Isso foi fundamental – acrescentou.

Em entrevista à Agência Brasil, o oncologista e médico pesquisador no Instituto Nacional do Câncer (Inca), Luiz Henrique Araújo, alertou que, atualmente, 15% dos casos de câncer de pulmão são diagnosticados em pessoas como Claudete, que nunca fumaram.

– O fato é que o tabagismo vem reduzindo, o consumo de tabaco vem reduzindo no mundo e no Brasil. Isso tem causado uma redução na mortalidade por câncer, inclusive câncer de pulmão. A preocupação agora começa a ser o câncer de pulmão em não fumantes. 

Segundo Araújo, se considerada uma enfermidade a parte, o câncer de pulmão em não fumantes figura atualmente como a sétima maior causa de morte por câncer no mundo, perdendo para o câncer de pulmão em fumantes, de estômago, colorretal, de fígado, de mama e de esôfago.

– As causas disso são pouco esclarecidas. Recentemente, a gente teve documentações mais formais sobre a relação da exposição ambiental à poluição e suas partículas associada ao surgimento de câncer de pulmão especificamente em não fumantes. A poluição tem sido colocada como a segunda principal causa de câncer de pulmão. Outras são o tabagismo de segunda mão ou tabagismo passivo.

O oncologista destaca que o câncer de pulmão em fumantes acaba vislumbrando uma possibilidade de diagnóstico mais precoce, sobretudo em razão do rastreamento preventivo feito por meio de tomografia de tórax anual a partir dos 50 anos.

– E não fumantes, o índice de suspeição é muito baixo. Um paciente mais jovem, que não fuma, raramente vai pensar, nem ele nem o médico, na possibilidade de câncer de pulmão. Isso acaba levando a diagnósticos mais tardios – disse. 

– Esses casos têm que ser examinados por testes moleculares com sequenciamento genético, que indicam qual vai ser o sobrenome do câncer de pulmão no não fumante. A gente vai procurar mutações genéticas adquiridas, não familiares. São algumas centenas de genes que vão ajudar a guiar qual a escolha do tratamento, uma terapia inteligente, frequentemente usando comprimidos ao invés de quimioterapia oral – completou.

Agosto Branco

Agosto Branco, mês de conscientização sobre o câncer de pulmão. Araújo explicou que a ideia é aumentar a conscientização sobre a doença em não fumantes.

– Cerca de 15% dos casos de câncer de pulmão acontecem em pessoas que nunca fumaram. Também precisamos esclarecer sobre a importância de procurar um médico em casos de sintomas respiratórios que não estão melhorando. Diagnóstico precoce e um time multidisciplinar, incluindo pneumologista, cirurgião, oncologista e outros, são essenciais. 

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