Hollywood vem experimentando faz certo tempo a produção de filmes que mostram ao grande público as entranhas da nação, todo o histórico de racismo, intolerância e violência que marcaram de sangue a construção daquele grande país que não é tão a terra das oportunidades assim se você for negro e/ou mulher, em particular nos anos 60 do século XX.
Por Thiago Modenes - de Brasília
Hollywood vem experimentando faz certo tempo a produção de filmes que mostram ao grande público as entranhas da nação, todo o histórico de racismo, intolerância e violência que marcaram de sangue a construção daquele grande país que não é tão a terra das oportunidades assim se você for negro e/ou mulher, em particular nos anos 60 do século XX.FBI não brinca em serviço
Judas e o Messias Negro é espetacular ao mostrar o processo e a preocupação com a formação marxista e maoísta dos Panteras Negras, com aulas, cursos, estudos e outras ações. Além disso, apresenta a assistência social construída por eles, com toda a preocupação de não ser uma mera caridade, um movimento que se prosperasse apresentaria um Estados Unidos muito diferente do atual. A película também ajuda a mostrar aos mais iludidos que o FBI não brinca em serviço, não há limites para alcançar o extermínio do adversário ideológico, democracia nos Estados Unidos é para os brancos, homens e ricos, para os demais serve a lei para por os oponentes de classe atrás das grades, desmoralizá-los, estigmatizá-los e, caso tudo isso não resolva, matá-los como ocorreu com Fred Hampton. Acredito que aqui não estamos dando spoilers do filme que concorre justificadamente ao Oscar e vem abocanhando vários prêmios, trata-se de um fato histórico, adaptado a linguagem cinematográfica. Emociona, choca e indigna parte dos que assistem, pode conscientizar e mobilizar os demais. É impossível ser o mesmo após assistir a obra que fica pareada em estatura no que foi Infiltrado na Klan (2018), do diretor Spike Lee, que nos mostra mais nuances da falha democracia estadunidense edificada sobre corpos e sangue de homens e mulheres negrasThiago Modenesi, é licenciado em História, Especialista em Ensino de História e Ciência Política, Mestre e Doutor em Educação, é professor e pesquisador sobre charges, cartuns e histórias em Quadrinhos e editor do selo de histórias em quadrinhos Quadriculando, além de presidente do PCdoB em Jaboatão dos Guararapes/PE .
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