Rio de Janeiro, 25 de Junho de 2025

Índice do Banco Central desenha o nível de dificuldades para o crescimento

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Sexta, 14 de Fevereiro de 2020 às 15:29, por: CdB

Embora tenha algum nível de precisão, o indicador do BC não substitui o cálculo do PIB, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e que leva em conta variáveis mais amplas. O IBGE deve divulgar o resultado do PIB em março.

 
Por Redação - de Brasília
  O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB), mostrou avanço de 0,89% em 2019, de acordo com os dados divulgados pelo BC nesta sexta-feira. O comportamento da economia, no ano passado, mostra o nível de dificuldades que o atual governo encontra para recolocar o país no rumo do crescimento econômico.
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O BC reconhece que há entraves com alto nível de complexidade para a retomada do crescimento
Em dezembro, o índice apresentou recuo de 0,27% na comparação com novembro, em dados dessazonalizados, contra expectativa em pesquisa da agência inglesa de notícias Reuters de contração de 0,23%. Assim, o IBC-Br terminou o quarto trimestre do ano com avanço de 0,46% sobre os três meses anteriores. Muito aquém do que previa a equipe do ministro Paulo Guedes (Economia).

Resultado

Embora tenha algum nível de precisão, o indicador do BC não substitui o cálculo do PIB, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e que leva em conta variáveis mais amplas. O IBGE deve divulgar o resultado do PIB em março. O Ministério da Economia estimou uma alta de 1,12% para o PIB do ano passado. O Banco Central prevê um crescimento de 1,2% em 2019, número que foi revisado de 0,9% em dezembro. Ao comparar dezembro de 2019 com novembro do mesmo ano, o mês registrou uma queda de 0,27%. Em novembro, o IBC-Br apresentou um resultado negativo de 0,11% (resultado revisado de uma alta de 0,18%). Segundo o boletim semanal Focus, do BC, o mercado espera crescimento de 2,3% em 2020, e 2,5% em 2021, 2022 e 2023. Na última semana, o Banco Central decidiu reduzir a taxa Selic de 4,5% para 4,25% e também sinalizou que interromperia os cortes que vinham acontecendo desde julho de 2019.

impacto

Segundo a autoridade monetária, 2019 foi marcado pelo rompimento da barragem de Brumadinho, no início do ano; por incertezas no ambiente externo, como a guerra comercial entre China e Estados Unidos e a recessão na Argentina, fatores que influenciaram o resultado comercial. Tais impactos, segundo o BC, derrubaram 0,67 ponto percentual do crescimento econômico, no ano passado. Sem tais obstáculos, dizem os economistas, o PIB teria uma alta maio ao longo dos últimos 12 meses. Na outra ponta, o governo conseguiu aprovar em 2019, com apoio majoritário do Congresso, reformas na aposentadoria do INSS e de servidores públicos, com impacto nas contas públicas estimado (economia) de R$ 855 bilhões, ao longo de 10 anos. Embora tais mudanças na Previdência tenham elevado a confiança dos investidores na economia, a fuga de capitais nas bolsas de valores foi recorde, em face da desconfiança quanto aos rumos ditados pela equipe do ministro Paulo Guedes (Economia). O fraco ritmo do nível de atividade econômica também levou a uma queda nas taxas básicas de juros da economia às mínimas históricas. Para tentar aquecer a economia, o governo Bolsonaro também anunciou, no ano passado, a liberação de saques das contas inativas, e ativas, do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), injetando cerca de R$ 30 bilhões na economia em 2019. O expediente, no entanto, não funcionou como esperado e não se reverteu em um aquecimento econômico.

Indicadores

O ano passado foi marcado pelo queda de 1,1% na produção industrial. Com o resultado de dezembro, a indústria brasileira operou 18% abaixo de seu ponto mais alto, registrado em maio de 2011. As vendas do comércio varejista cresceram pelo 3º ano seguido em 2019, mas perderam ritmo. Segundo o IBGE, o crescimento do setor só não foi maior por conta do segmento de hipermercado, que foi o que impulsionou as altas de 2017 e 2018. Já o volume de serviços prestados no Brasil cresceu 1% em 2019, interrompendo sequência de 4 anos sem crescimento. O desempenho foi puxado por empresas que atuam nos segmentos de portais, provedores de conteúdo, serviços de informação e tecnologia da informação, assim como pela locação de veículos (aumento de motoristas de aplicativos). Com os juros mais baixos, o Indicador do Ipea de investimentos (Formação Bruta de Capital Fixo) registrou um crescimento de 2,1% no ano passado. Já o Indicador Ipea de Consumo Aparente de Bens Industriais - parcela da produção industrial doméstica destinada ao mercado interno acrescida das importações - mostrou uma queda de 0,2% em 2019. A taxa de desemprego, por sua vez, ficou em 11% no trimestre encerrado em dezembro, atingindo 11,6 milhões de pessoas, embora a maioria das vagas seja no mercado informal. Foi a terceira queda seguida do indicador, que ficou em 11,2% nos três meses até outubro. Com isso, ficou no menor patamar desde o trimestre encerrado em março de 2016.
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