Rio de Janeiro, 16 de Junho de 2025

Importação de ouro por empresas dos EUA mostra alto nível de medo

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Terça, 11 de Março de 2025 às 19:53, por: CdB

Embora a motivação seja a mesma (evitar tarifas), o impacto econômico dos movimentos de ouro e outros bens é largamente diferente. A grande maioria das importações é consumida ou usada na produção de outras coisas, enquanto o ouro tende a ficar inerte e inútil em um cofre.

Por Redação, com FT – de Washington

Dados compilados por agências independentes norte-americanas têm mostrado, desde a semana passada, que o déficit comercial dos Estados Unidos disparou para um recorde de US$ 131,4 bilhões em janeiro. As empresas, por sua vez, têm se apressado para estocar mercadorias antes que as tarifas impostas pelo presidente Donald Trump entrem em vigor.

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A cotação do ouro tende a subir em momentos de instabilidade na economia mundial

O cenário macroeconômico norte-americano tem se degradado com extrema rapidez e as notícias negativas sobre as importações, em particular, geram um nível acelerado de ansiedade, conforme apurou o diário britânico Financial Times (FT), em reportagem publicada nesta terça-feira. Devido à mecânica de como o Produto Interno Bruto (PIB) é medido e calculado (as importações são subtraídas para evitar a dupla contagem e medir a produção doméstica), o aumento do déficit comercial ajudou a lançar o modelo de previsão econômica em tempo real ‘GDPNow’ do Federal Reserve (Fed) de Atlanta em uma espiral descendente.

A contração de 2,8% que o modelo apresentou foi posteriormente revisada para -2,4% e, em seguida, para -1,6% na sexta-feira, após os últimos números de empregos nos EUA. Mas a leitura negativa do GDPNow naturalmente gerou muitas manchetes alarmantes sobre como os EUA pareciam estar caminhando para uma nova recessão.

— O aumento do déficit comercial para um recorde de US$ 131,4 bilhões em janeiro mais uma vez resultou de um enorme aumento nas importações, à medida que as empresas se apressavam para acelerar pedidos antes que novas tarifas específicas de país e produto entrassem em vigor — avaliou Thomas Ryan, economista da consultoria Capital Economics, ao FT.

 

Metal

O principal culpado, no entanto, foi um aumento verdadeiramente massivo nas importações de ouro dos EUA, uma vez que os comerciantes também buscaram se antecipar a possíveis tarifas.

Embora a motivação seja a mesma (evitar tarifas), o impacto econômico dos movimentos de ouro e outros bens é largamente diferente. A grande maioria das importações é consumida ou usada na produção de outras coisas, enquanto o ouro tende a ficar inerte e inútil em um cofre.

Em resumo, embora toda a incerteza indubitavelmente imponha um custo econômico, a leitura alarmante do modelo GDPNow do Fed de Atlanta pode provavelmente ser ignorada com relativa segurança.

 

Importações

O impacto do ouro na balança comercial dos EUA, no entanto, não é fácil de detectar, pois os movimentos de barras de ouro estão bem escondidos nas estatísticas norte-americanas. Eles são estranhamente incorporados na categoria “Formas metálicas acabadas”, que representou US$ 20,5 bilhões dos US$ 36,2 bilhões de aumento nas importações de bens em janeiro.

“Sem precedentes” é uma palavra usada em excesso, mas é possível ver o quão extremo são os dados de janeiro.

As importações de outros bens também aumentaram, mas em um grau muito menor. As importações farmacêuticas saltaram US$ 5,2 bilhões de um mês para o outro, por exemplo, mas isso foi apenas um aumento de uma vez e meia em relação a janeiro do ano passado.

Em outras palavras, o ouro foi o destaque nos números comerciais de janeiro.

— Observamos que a maior parte do aumento no déficit comercial desde novembro reflete importações mais altas de ouro, que são excluídas do PIB porque não são consumidas ou usadas na produção. Os detalhes do relatório da balança comercial indicaram que as importações elevadas de ouro contribuíram para a maior parte do aumento nas importações em janeiro — resumiu David Mericle, economista do Goldman Sachs.

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