Quanto ao pedido do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Superior Tribunal de Justiça (STJ) para as reservas das vacinas contra a covid-19, a Fiocruz respondeu com a informação de que as doses serão destinadas "integralmente" ao Ministério da Saúde.
Por Redação - do Rio de Janeiro
Em resposta aos ofícios do Poder Judiciário, que demandavam milhares de doses das vacinas contra a covid-19, prioritariamente para que os magistrados e funcionários fossem imunizados antes do que qualquer outro brasileiro, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) negou, nesta quarta-feira, a reserva do medicamento produzido em seus laboratórios.
O comentário de um alto funcionário da instituição à reportagem do Correio do Brasil nesta manhã, sem que fosse identificado, espelha a indignação dos cientistas com a tentativa daqueles que deveriam ser exemplos de cidadania e abnegação e tentam furar a fila do imunizante, que salvará milhões de vidas.
O STF pediu para furar a fila da vacina e imunizar cerca de 7 mil funcionários, antes de qualquer outro brasileiro
— Vergonha alheia. Os juízes deveriam zelar melhor por seus currículos. Assim, chegarão à posteridade na condição de meros seres diminutos, pusilânimes — disse.
Negativa
Quanto ao pedido do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Superior Tribunal de Justiça (STJ) para as reservas das vacinas, a Fiocruz respondeu com a informação de que as doses serão destinadas "integralmente" ao Ministério da Saúde, em atendimento à demanda do Programa Nacional de Imunização (PNI).
"A produção dessas vacinas será, portanto, integralmente destinada ao Ministério da Saúde, não cabendo à Fundação atender a qualquer demanda específica", devolveu a instituição aos ministros que desejavam obter mais um privilégio, dentre os tantos que já usufruem.
Divulgado na noite passada, o STF encaminhou ofício pedindo a reserva de 7 mil doses de vacina para a imunização de ministros e servidores da Corte e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O diretor-geral do STF, Edmundo Veras dos Santos Filho justificou que os servidores desempenham “papel fundamental no país” e que muitos deles fazem parte dos chamados grupos de risco. A data do documento consta de 30 de novembro.
Um favor
“Tal ação tem dois objetivos principais. O primeiro é a imunização do maior número possível de trabalhadores de ambas as casas, que desempenham papel fundamental no país e têm entre suas autoridades e colaboradores uma parcela considerável de pessoas classificadas em grupos de risco”, tenta explicar o ofício.
O diretor-geral do STF ainda procura quase dizer que, ao furar a fila, os integrantes da Corte estarão fazendo um bem à nação. Santos Filho afirmou que a reserva de vacinas para servidores da Corte e do CNJ seria uma “contribuição” ao restante da sociedade pois liberaria “equipamentos públicos de saúde”.
“Adicionalmente, entendemos que a realização da campanha por este Tribunal é uma forma de contribuir com o país nesse momento tão crítico da nossa história, pois ajudará a acelerar o processo de imunização da população e permitirá a destinação de equipamentos públicos de saúde para outras pessoas, colaborando assim com a Política Nacional de Imunização”, resumiu.