Sob pressão para viabilizar uma trajetória de crescimento do país já no primeiro ano de governo, a equipe econômica tem um cenário pouco amigável à frente, com uma das fontes ressaltando que mesmo que o BC antecipe os cortes de juros, o efeito desse afrouxamento deve ser pouco sentido neste ano.
Por Redação - de Brasília
O Ministério da Fazenda acredita que a combinação de reformas estruturais, ajuste das contas públicas e medidas de estímulo à atividade serão capazes de minimizar a queda na produção do país, ainda este ano, segundo fontes ouvidas pela agência inglesa de notícias Reuters. Duas fontes da pasta avaliaram as condições macroeconômicas do país, em um cenário com desaceleração do Produto Interno Bruto (PIB) dada como certa diante do forte aperto monetário promovido pelo Banco Central (BC) e do contexto internacional adverso.

Sob pressão para viabilizar uma trajetória de crescimento do país já no primeiro ano de governo, a equipe econômica tem um cenário pouco amigável à frente, com uma das fontes ressaltando que mesmo que o BC antecipe os cortes de juros, o efeito desse afrouxamento deve ser pouco sentido neste ano.
Com a divulgação do resultado do PIB de 2022 nesta quinta-feira, crescimento de 2,9% no ano apesar de uma retração no último trimestre, a equipe econômica agora começa a rodar os números para fechar a projeção oficial do governo para a atividade neste ano.
Estimativa
Essa fonte, que pediu anonimato porque as discussões são privadas, indicou que a atual projeção do ministério para o PIB de 2023 será revista para baixo. Ela ressaltou que a estimativa feita em novembro pela gestão anterior do ministério, de crescimento de 2,1%, está muito acima da visão do mercado.
Em seu boletim Focus mais recente, o BC mostrou que a mediana do mercado aponta para um crescimento de apenas 0,84% na atividade brasileira este ano. Nesta quinta, Lula criticou o desempenho da atividade em 2022 e indicou investimentos para que a economia cresça.
A projeção da Fazenda será oficializada em duas semanas e servirá de base para a avaliação das contas do governo. Uma revisão do PIB para baixo significa que a expectativa para a arrecadação de impostos no ano será menor, o que tende a deteriorar o resultado fiscal.
Renegociação
Na avaliação da pasta, segundo essa fonte, os dois primeiros trimestres deste ano tendem a ser melhores, com demonstração de força da safra agrícola e ações disparadas pelo novo governo, como reajuste real do salário mínimo, repasses do Bolsa Família, maior isenção do Imposto de Renda e o programa de renegociação de dívidas das famílias, que Lula promete anunciar semana que vem.
Na outra vertente, a equipe econômica vê sinais que devem forçar para baixo a atividade, com recuos no desempenho da indústria e em investimentos privados. Para a fonte, o movimento será causado fundamentalmente pelo nível elevado da taxa básica de juros, atualmente em 13,75% ao ano, que dificulta a rolagem de dívidas e comprime o crédito.
— Amenizar a desaceleração no mercado de crédito de maneira a evitar dificuldades financeiras no varejo é outro objetivo — resumiu essa autoridade.