Com mais de 300 obras, entre azulejos, telas, rascunhos, objetos pessoais e fotografias, a mostra é uma imersão no universo criativo de Jorge Selarón, chileno que adotou o Rio como lar.
Por Redação, com Agenda do Poder – do Rio de Janeiro
A Escadaria Selarón, com seus degraus coloridos entre as ruas Joaquim Silva, na Lapa, e a Pinto Martins, no bairro de Santa Teresa, guarda histórias de encontros, memórias afetivas e fotografias de quem passa por ali vindo de todos os cantos do mundo. É sobre esse símbolo e sobre o artista que lajeou a escada, Jorge Selarón, que se debruça a exposição Gabinete Selarón de Curiosidades, os degraus para a gestão compartilhada da Escadaria Selarón, aberta ao público no Centro Cultural Justiça Federal (CCJF), no Centro do Rio.
Com mais de 300 obras, entre azulejos, telas, rascunhos, objetos pessoais e fotografias, a mostra é uma imersão no universo criativo de Jorge Selarón, chileno que adotou o Rio como lar e transformou um simples acesso de escada em um ícone urbano e cultural. “Além da própria escadaria, que é uma atração turística, ele era um pintor, ele era um artista”, lembra Arnaldo Bichucher, presidente da Liga Independente dos Guias de Turismo (Liguia) ao Agenda do Poder.
De acordo com Bichucher, esta exposição tem o fôlego do Consulado Chileno. “No fim do ano passado, conseguimos fazer uma primeira exposição com mais de 300 obras, na Galeria Cenarium. Entramos com um projeto junto ao Consulado Chileno, porque o ser o país de origem do artista. E, através do Chile, surgiu a possibilidade de um apoio financeiro para uma segunda exposição, que é essa agora no Centro Cultural da Justiça Federal”, explica.
Nesta segunda mostra, são também mais de 300 obras. Ainda segundo o presidente, além de pinturas e outros objetos do acervo, a exposição conta com itens pessoais de Jorge Selarón, como diários. Parte do acervo da exposição é guardada em local não revelado, por segurança. “A gente tem algumas pessoas que cuidam do acervo do artista, depois da morte dele, e que estão cedendo as obras para essas exposições”, explica.
Gestão compartilhada
O projeto vai além da homenagem e da preservação artística. Ele nasceu de um esforço coletivo, iniciado em 2019, por cuidado e pertencimento. A Liguia também busca a gestão compartilhada da Escadaria Selarón, tida como um dos pontos turísticos mais visitados do Rio.
– Hoje, a escadaria é um bem tombado pelo município. Isso significa que o poder público tem a responsabilidade de manter, preservar, restaurar, se necessário, ou seja, cuidar. Mas, na prática, o município não assume esse papel. Então, a ideia é conseguir essa gestão compartilhada, para que esse processo realmente aconteça – conta.
A curadoria coletiva assinada por Andre Andion Angulo, Marcelo Esteves, Ceci Maciel, Ester Galleguillos, Guilherme Guimarães e Gerardo Millone propõe um diálogo entre arte, território e cidadania, na tentativa de ampliar o conceito de “gabinete de curiosidades”.
– Temos uma pessoa na associação que atua como curador principal. Ele é museólogo, guia de turismo e trabalha no Museu da República. Tudo está sendo feito com uma consultoria técnica: limpeza, transporte, segurança, há todo um cuidado com o acervo – explica.
Jorge Selarón: vida e morte
Jorge Selarón foi encontrado morto na escadaria do Convento de Santa Teresa, que liga o bairro à Lapa, no Centro do Rio, numa manhã de quinta-feira, no dia 10 de janeiro de 2013. Até hoje não há confirmação se a morte foi natural.
– É muito bonito, aliás, o túmulo dele, no Cemitério São João Batista. Uma mulher reproduziu a escadaria na lápide dele – conta a historiadora Luciene Carris, pesquisadora do Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro.
A mostra, além de gratuita, oferece visitas guiadas às quintas-feiras, com mediação feita por guias da Liguia e inscrições abertas ao público em geral.
Serviço
Gabinete Selarón de Curiosidades, os degraus para a gestão compartilhada da Escadaria Selarón
Em cartaz até: 10 de agosto
Horário de visitação: de terça a domingo, das 11h às 19h Local: Galerias do 2º andar do Centro Cultural Justiça Federal (CCJF) – Av. Rio Branco, 241, Centro