Rio de Janeiro, 05 de Setembro de 2025

Obra da Águas do Rio altera rotina de moradores em São Gonçalo

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Sexta, 05 de Setembro de 2025 às 13:14, por: CdB

O abandono do serviço tem oferecido riscos aos pedestres e motoristas que precisam passar pela via para acessar suas casas.

Por Redação, com Agenda do Poder – do Rio de Janeiro

Uma obra inacabada da Águas do Rio tem afetado a rotina de moradores da Rua Goulart de Oliveira, no bairro Pita, em São Gonçalo, na Região Metropolitana. Segundo relatos, o abandono do serviço oferece riscos aos pedestres e motoristas que precisam passar pela via para acessar suas casas.

Obra da Águas do Rio altera rotina de moradores em São Gonçalo | Caso acontece na Rua Goulart de Oliveira, no bairro Pita
Caso acontece na Rua Goulart de Oliveira, no bairro Pita

Funcionários da concessionária estiveram no local na última quinta para a troca de canos que apresentavam vazamentos frequentes. Para realizar o serviço, a rua precisou ser aberta, mas, de acordo com moradores, o buraco não foi devidamente tampado. Até a manhã sexta-feira, nenhuma solução havia sido tomada.

– Eles deixaram terra, barro e pedregulhos espalhados por toda a rua. Os carros não conseguem passar e as pessoas estão escorregando – conta o bartender Jonathan Rodrigues, de 25 anos, que vive no local.

A aposentada Gilcinea Carvalho, de 75 anos, tem metástase óssea na perna e depende de carros de aplicativos para consultas médicas. Como mora em uma região mais alta da rua, na última semana não conseguiu sair de casa para ir ao médico porque os carros estavam derrapando na subida.

– Eu não consigo descer, além de ter dificuldades em andar, corro o risco de escorregar nessa quantidade de terra e pedra que ficou. Ninguém deu mais retorno sobre o que vai ser feito. Não saio de casa desde então e ficamos naquela incerteza. Muda nossa rotina de uma hora para a outra – conta.

– A intervenção foi iniciada, mas até o momento não houve a devida finalização, deixando transtornos para todos os moradores. Além da poeira, buracos e dificuldades de acesso, traz riscos à segurança de pedestres e motoristas. Nós, moradores, aguardamos uma solução urgente e definitiva, pois pagamos pelos serviços e merecemos respeito e qualidade no atendimento – reforçou ainda o líder operacional Victor Pereira, de 28 anos.

Procurada, a Águas do Rio informou que enviará uma equipe ao local ainda nesta sexta para realizar uma vistoria e, posteriormente, tomar as devidas providências.

Calçadas do Rio são tema de audiência na Câmara

A precariedade das calçadas do Rio voltou ao centro do debate público em audiência realizada na quinta-feira pela Comissão de Assuntos Urbanos da Câmara de Vereadores. Dados do serviço 1746 da prefeitura, colhidos pelo colegiado, apontam que, entre julho de 2023 e julho de 2025, foram registradas quase 30 mil reclamações sobre buracos, raízes expostas, pedras portuguesas soltas e até falta de pavimentação. O cenário, segundo os participantes do encontro, compromete a mobilidade e expõe idosos, crianças e pessoas com deficiência a riscos diários.

Presidente do colegiado, o vereador Pedro Duarte (Novo) defendeu a construção de um Estatuto da Calçada Carioca e a revisão das normas em vigor, hoje pulverizadas em mais de 20 leis, decretos e portarias. “A falta de padronização e a pouca diligência das concessionárias têm agravado o problema, gerando prejuízos também para os cofres públicos, já que acidentes em calçadas resultam em gastos com saúde”, afirmou.

Especialistas ouvidos na audiência criticaram a obrigatoriedade das pedras portuguesas fora de áreas tombadas, como o calçadão de Copacabana. A arquiteta Regina Cohen, cadeirante e membro do CAU-RJ, disse que o modelo é inseguro e vem sendo abandonado até em Portugal. O engenheiro Miguel Fernandes, presidente do Crea-RJ, defendeu alternativas como blocos intertravados e destacou que o debate precisa incluir as favelas, onde vivem 30% dos cariocas e as condições de circulação são ainda mais precárias.

Apoio técnico da Firjan

Outro alvo de críticas foi a Lei Complementar 226/2020, que liberou mesas e cadeiras nas calçadas como medida de incentivo ao comércio após a pandemia. Para a urbanista Regina Cohen e para Débora Matos, da Associação de Moradores de Ipanema, a norma agravou a falta de espaço para pedestres e excluiu os cidadãos do processo de licenciamento.

Entre as propostas apresentadas, a Firjan ofereceu apoio técnico com o Manual das Calçadas, um material técnico e didático para orientar técnicos, gestores e cidadãos sobre as diretrizes em torno do tema. O manual já utilizado em mais de 45 municípios do estado, incluindo Teresópolis, Maricá e Cabo Frio. Também foi sugerida a inclusão das calçadas no programa municipal Adota Rio, permitindo que empresas cuidem da manutenção desses espaços públicos.

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