Rio de Janeiro, 27 de Junho de 2025

Excesso de energia limpa gera crise sem precedentes para setor, no país

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Quinta, 26 de Junho de 2025 às 20:23, por: CdB

As empresas brasileiras de energia eólica e solar enfrentam desafios que refletem a situação dos projetos de energia limpa em todo o mundo: atrasos em licenças e escassez de linhas de transmissão, entre outras.

Por Redação, com Bloomberg – do Rio de Janeiro

Em poucos meses, o Brasil sediará a maior cúpula do clima do mundo. Mas, enquanto o país se prepara para receber milhares de participantes e autoridades para debater planos de combate ao aquecimento global, sua própria indústria de energia eólica e solar está na maior crise desde que nasceu, há cerca de 20 anos.

Excesso de energia limpa gera crise sem precedentes para setor, no país | O ministro da Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, inaugura central solar, em Minas Gerais
O ministro da Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, inaugura central solar, em Minas Gerais

E as baixas estão se acumulando.

A 2W Ecobank, produtora de energia eólica, entrou com pedido de recuperação judicial em abril.

A Rio Alto Energia Renováveis, que constrói e opera projetos de energia solar, entrou na Justiça para pedir proteção temporária contra credores enquanto tenta reestruturar sua dívida.

A Aeris, maior produtora de pás para parques eólicos do Brasil, reestruturou sua dívida após mais de 3.700 cortes de empregos.

 

Licenças

As empresas brasileiras de energia eólica e solar enfrentam desafios que refletem a situação dos projetos de energia limpa em todo o mundo: atrasos em licenças, escassez de linhas de transmissão, problemas na cadeia de suprimentos e altos custos de empréstimos.

Os reveses são tão graves que colocam em risco a meta mundial de energia verde — triplicar a capacidade de energia renovável até 2030. Diferentemente dos EUA, onde as políticas anti-energias renováveis ​​do presidente Donald Trump prejudicam o setor, o governo brasileiro continua sendo um firme defensor da energia verde.

Grande produtor de energia hidrelétrica, o país possui, por ampla margem, a matriz energética mais limpa entre todos os países do G20. Também conquistou o terceiro lugar global em nova capacidade de energia eólica e solar no ano passado.

 

Vítima

Mas a indústria de energia renovável ​​do Brasil tem sido, em parte, vítima de seu próprio sucesso. O aumento da produção com novas fontes eólicas e solares criou um excesso de energia durante o dia e não há linhas de transmissão suficientes para absorver toda a eletricidade, o que força o operador da rede a limitar a produção desses projetos.

E as emissões relacionadas à energia do país ainda precisam cair drasticamente para atingir zero em termos líquido até 2050, de acordo com a BloombergNEF.

— Estamos vivendo o pior momento (para o setor energético brasileiro) — disse Elbia Gannoum, presidente da Abeeólica, associação nacional que representa a indústria eólica, em entrevista à agência norte-americana de notícias Bloomberg News.

A Rio Alto Energia não quis comentar, enquanto a 2W Ecobank não respondeu aos pedidos de comentários.

A Aeris afirmou que a empresa renegociou 90% de sua dívida e ainda negocia a reestruturação dos empréstimos restantes, “abrindo caminho para uma melhora sustentada em sua situação financeira”.

A Equatorial Energia não respondeu aos pedidos de comentários. Outras empresas simplesmente encerraram suas operações.

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