Desde 1986, Washington avalia anualmente as políticas antidrogas de cerca de 20 países produtores e distribuidores de substâncias ilegais.
Por Redação, com RFI – de Washington
Os Estados Unidos anunciaram nesta terça-feira que encerraram sua parceria antidrogas com a Colômbia, que há décadas garantia ao país milhões de dólares em ajuda anual e ampliava a influência norte-americana na região. A decisão veio após críticas à gestão de Gustavo Petro, presidente de esquerda. Paralelamente, a Venezuela acusa Washington de preparar uma ofensiva militar, enquanto os EUA intensificam ações no Caribe e fazem acusações de narcotráfico que Caracas classifica como falsas e políticas.

Em 2023, a Colômbia bateu recorde de produção de cocaína, com 2,6 mil toneladas, segundo a ONU — um aumento de 53% em relação ao ano anterior. O governo de Donald Trump responsabilizou diretamente o presidente colombiano Gustavo Petro pelo crescimento da produção e pela tentativa fracassada de negociar com grupos armados ligados ao tráfico.
Desde 1986, Washington avalia anualmente as políticas antidrogas de cerca de 20 países produtores e distribuidores de substâncias ilegais. A Colômbia, maior produtora mundial de cocaína, recebia até US$ 380 milhões por ano como parte desse programa.
Segundo dados da ONU, em 2023 a produção de cocaína na Colômbia bateu recorde: 2.600 toneladas, um aumento de 53% em relação ao ano anterior. A decisão de retirar a Colômbia da lista de países parceiros foi acompanhada por críticas públicas.
Críticas à gestão de Gustavo Petro
Um documento da Casa Branca enviado ao Congresso dos EUA, assinado por Donald Trump, afirma que “a produção de coca e de cocaína atingiu níveis recordes sob o governo de Gustavo Petro”, líder da esquerda colombiana, e que suas tentativas de negociar com grupos narco-terroristas “só agravaram a crise”.
Durante uma visita a Israel, o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, também criticou o presidente colombiano, dizendo que ele “não tem sido um bom parceiro no combate aos cartéis de drogas”.
Apesar disso, os EUA afirmam estar abertos a rever a decisão, caso o governo colombiano adote medidas mais duras para erradicar a produção de coca e reduzir o tráfico.
Conflito com Venezuela e tensão regional
A ofensiva antidrogas liderada por Donald Trump se estende além da Colômbia. Na segunda-feira (15), Trump anunciou que o Exército norte-americano realizou um novo ataque contra uma embarcação que, segundo ele, era usada por “narco-terroristas” venezuelanos para transportar drogas para os Estados Unidos. Em resposta, o governo de Caracas acusou Washington de estar preparando uma “agressão de caráter militar” contra o território venezuelano.
Esse episódio se soma a uma série de ações militares norte-americanas no Caribe, onde os EUA têm intensificado operações sob o pretexto de combater o narcotráfico. Uma dessas ofensivas, realizada em 2 de setembro, teria deixado 11 mortos, segundo informações divulgadas por Trump.
Relações diplomáticas em crise
As relações entre EUA e Colômbia, tradicionalmente próximas, se deterioraram desde o retorno de Trump à presidência em janeiro. Nesse momento, os dois países enfrentaram uma crise diplomática, após os EUA deportarem migrantes colombianos que haviam entrado ilegalmente no país.
A Colômbia vive, há mais de meio século, uma guerra interna entre guerrilhas, narcotraficantes e forças do Estado. Atualmente, o país enfrenta sua pior crise de segurança em uma década, impulsionada pela violência de grupos armados financiados pelo tráfico de drogas.
O presidente Petro tentou retomar negociações de paz com vários desses grupos, seis anos após o acordo histórico com a ex-guerrilha FARC. No entanto, a maioria das tentativas fracassou, ou se encontra paralisada.