Rio de Janeiro, 03 de Setembro de 2025

Escândalo: Bolsonaro usa dinheiro vivo e reúne patrimônio milionário

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Terça, 30 de Agosto de 2022 às 12:09, por: CdB

As compras registradas nos cartórios com o modo de pagamento “em moeda corrente nacional”, expressão padronizada para repasses em espécie, totalizaram R$ 13,5 milhões. Em valores corrigidos pelo IPCA, este montante equivale, nos dias atuais, a R$ 25,6 milhões.

Por Redação - de São Paulo
Candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL) e seus familiares construíram, nas últimas três décadas, um patrimônio milionário com uso de dinheiro em espécie, de acordo com levantamento patrimonial realizado por repórteres do portal de notícias UOL, divulgado nesta terça-feira. Desde os anos 1990 até os dias atuais, o presidente, irmãos e filhos negociaram 107 imóveis, dos quais pelo menos 51 foram adquiridos total ou parcialmente com uso de dinheiro vivo, segundo declaração dos próprios integrantes do clã.
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Com três filhos em cargos legislativos, o clã de Jair Bolsonaro se consolida no poder
As compras registradas nos cartórios com o modo de pagamento “em moeda corrente nacional”, expressão padronizada para repasses em espécie, totalizaram R$ 13,5 milhões. Em valores corrigidos pelo IPCA, este montante equivale, nos dias atuais, a R$ 25,6 milhões. Não é possível saber a forma de pagamento de 26 imóveis, que somaram pagamentos de R$ 986 mil (ou R$ 1,99 milhão em valores corrigidos) porque esta informação não consta nos documentos de compra e venda. Transações por meio de cheque ou transferência bancária envolveram 30 imóveis, totalizando R$ 13,4 milhões (ou R$ 17,9 milhões corrigidos pelo IPCA).

‘Rachadinhas’

Ao menos 25 propriedades foram compradas em situações que suscitaram investigações do Ministério Público do Rio e do Distrito Federal. Neste grupo, estão aquisições e vendas feitas pelo núcleo do presidente, seus filhos e suas ex-mulheres não necessariamente com o uso de dinheiro vivo, mas que se tornaram objeto de apurações como, por exemplo, no caso das “rachadinhas” (apropriação ilegal de salários de funcionários de gabinetes). Por meio de sua assessoria, os repórteres perguntaram ao presidente Bolsonaro qual a razão da preferência da família pelas transações em dinheiro, mas ele não se manifestou. O levantamento considera o patrimônio construído no Rio de Janeiro, em São Paulo e em Brasília pelo presidente, seus três filhos mais velhos, mãe, cinco irmãos e duas ex-mulheres. Nos últimos sete meses, a reportagem consultou 1.105 páginas de 270 documentos requeridos a cartórios de imóveis e registros de escritura em 16 municípios, 14 deles no Estado de São Paulo. Percorreu pessoalmente 12 cidades para checar endereços e a destinação dada aos imóveis, além de consultar processos judiciais.

Transações

Até a mãe de Bolsonaro, Olinda, falecida em janeiro deste ano, aos 94 anos, teve os dois únicos imóveis adquiridos em seu nome quitados em espécie, em 2008 e 2009, em Miracatu, no interior de São Paulo. Entre os imóveis comprados com dinheiro vivo pela família, estão lojas, terrenos e casas diversas. Atualmente o Senado Federal discute projeto de lei que sugere a proibição do uso de dinheiro em espécie para transações imobiliárias, como forma de prevenir operações de lavagem de dinheiro ou ocultação de patrimônio.

Repercussão

Diante dos fatos expostos, o candidato a governador de São Paulo, Fernando Haddad (PT) reagiu nesta manhã em uma dura mensagem pelas redes sociais. "O termo ‘rachadinha’ precisa ser atualizado. Os 'Bolsonaros' desviaram dezenas de milhões de reais durante 30 anos de vagabundagem. Do slogan do fascismo brasileiro, só sobra 'família', a dele. Antes de prendê-los, vamos julgá-los na forma da Constituição", escreveu o petista no Twitter.
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