Módulo de companhia que promete ‘funerais no espaço’ a partir de 20 mil reais deveria ter retornado à Terra com cinzas, mas foi perdido durante reentrada na atmosfera.
Por Redação, com CartaCapital – de Washington
A startup com sede na Baviera The Exploration Company (TEC) informou que está investigando a perda de uma cápsula espacial que transportava cinzas de 166 pessoas de volta para suas famílias.

O módulo chamado “Nyx Mission Possible” deveria ter devolvido as urnas funerárias à Terra, e às famílias enlutadas, após orbitar o planeta duas vezes no final de junho. No entanto, a comunicação com o dispositivo foi perdida durante a reentrada planejada na atmosfera.
Além dos restos mortais humanos, a cápsula Nyx também transportava material vegetal e sementes de cannabis, como parte de um projeto científico que estudava os efeitos da microgravidade para avaliar como a planta poderia se comportar no ambiente de Marte.
O que é o serviço de voos memoriais espaciais?
A TEC realiza a operação para a Celestis, uma companhia americana especializada em voos memoriais espaciais. No serviço promovido pela empresa, familiares enviam cinzas cremadas e amostras de DNA de pessoas ou animais de estimação ao espaço como forma de homenagem póstuma.
Após orbitar a Terra, os módulos retornam e um vídeo com os marcos da missão é fornecido para comemorar “o dia em que seu ente querido tocou o céu”, diz a Celestis.
Em 2024, a empresa já havia enviado ao espaço os restos mortais de pessoas ligadas à franquia de ficção científica Star Trek, incluindo o criador da série, Gene Roddenberry.
Quanto custa o serviço?
Os preços para lançar um grama de cinzas ao espaço variam de US$ 3.495 (R$ 20 mil) a US$ 49.995 (R$ 274 mil ). No serviço mais barato, a cápsula fica poucos instantes em um ambiente de zero gravidade antes de retornar à Terra. Já as opções mais sofisticadas incluem o envio da cásula para dar voltas ao redor do planeta, orbitar a Lua ou até seguir além dela, na categoria chamada de “Deep Space”.
Na alternativa mais cara, a empresa promete enviar um módulo funerário capaz de pousar na Lua e retornar à Terra. “Todas as missões são conduzidas em estrita conformidade com as leis nacionais e internacionais, são fáceis de organizar e oferecem uma garantia de desempenho”, diz o site.
O que a empresa diz sobre a cápsula desaparecida?
Em uma declaração publicada no LinkedIn, a TEC afirmou que havia restabelecido o contato com a cápsula durante a reentrada no planeta, após um blecaute padrão causado pelo calor, mas perdeu o contato novamente em seguida:
– A partir de uma altitude orbital de 550 quilômetros, a cápsula reentrou com sucesso de forma controlada, com a comunicação restabelecida após o aquecimento máximo. No entanto, as comunicações foram perdidas a 26 quilômetros de altitude, pouco antes da fase que precede a abertura dos paraquedas.
– Para compreender melhor o ocorrido, estabelecemos uma equipe de investigação independente. As conclusões serão compartilhadas com nossos clientes, investidores e equipes internas.
Em um comunicado anterior, a TEC pediu desculpas “a todos os nossos clientes que confiaram a nós suas cargas”.
O que mais se sabe sobre o voo?
Charles Chafer, cofundador e CEO da Celestis, que contratou a TEC, afirmou que foi a primeira vez que um retorno desse tipo foi realizado.
– Como resultado deste evento inesperado, acreditamos que não será possível recuperar ou devolver as cápsulas de voo. Compartilhamos da decepção das famílias e oferecemos nossa mais sincera gratidão pela confiança – afirmou.
– Esperamos que as famílias encontrem algum conforto ao saber que seus entes queridos fizeram parte de uma jornada histórica. Lançados ao espaço, orbitaram a Terra, e agora descansam na vastidão do Pacífico, semelhante a um tradicional e honroso espalhamento no mar – disse.