Rio de Janeiro, 24 de Junho de 2025

Eleições no Brasil, nas ruas, se transformam na luta entre o amor e o ódio

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Sexta, 26 de Outubro de 2018 às 13:55, por: CdB

Fernando Haddad (PT) se aproxima de uma virada sobre o candidato neofascista, Jair Bolsonaro (PSL), às vésperas das eleições.

 
Por Redação - de São Paulo
  Candidato do PT à Presidência da República, Fernando Haddad repercutiu, nesta sexta-feira, o resultado de pesquisas internas do PT que mostram a diferença de apenas cinco pontos entre sua candidatura para a de Jair Bolsonaro (PSL). Nos estudos divulgados até agora, essa distância ainda era superior a 10 pontos, à exceção do Instituto Vox Populi, que aponta 6 pontos percentuais no intervalo.
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Haddad contava com o depoimento favorável de Ciro Gomes, que volta de um giro pela Europa
O líder petista ainda aguardava uma fala “dura” do ex-presidenciável Ciro Gomes “contra o fascismo” e a favor de sua campanha. Prevista para ocorrer assim que Gomes desembarcasse do giro à Europa, no início desta noite, a fala do ex-governador cearense é aguardada com esperança. — Eu, sim, espero que ele (Ciro Gomes), ao desembarcar, faça uma fala dura contra o fascismo; contra o discurso do ódio. Tenho certeza que ele vai fazer uma fala dura e nós vamos vencer juntos — afirmou Haddad em entrevista a uma rádio mineira, nesta manhã. Haddad tem defendido uma distensão na política, ao inverso de seu adversário, que prega o ódio indiscriminado. A expectativa de Haddad, no entanto, não encontra eco em uma parcela do PDT. Militante histórico do trabalhismo, o jornalista Oswaldo Maneschy publicou texto de outro partidário, Gabriel Silva, em uma rede social, sob o título ‘Ciro, PDT & apoio a Haddad’. A opinião esfria o ânimo de quem conta com o discurso de Ciro para encher a onda que poderá levar Haddad à vitória, no domingo.

Ódio ao PT

“Toda a narrativa que advém da blogosfera petista de que ‘O PT só ganhará com o apoio irrestrito do Ciro Gomes’ é apenas para que eles já, antecipadamente, achem o culpado pela possível derrota do PT”, afirma Silva. “O ‘Cinco Gomes’ já transferiu seus votos. Ele não tem mais muito o que fazer a não ser afundar junto com o Haddad, numa eventual derrota. O que, certamente, mantendo distância, ele se preserva de tal coisa. (E ele não está errado. Isso é Política. Nós tivemos que engolir as sabotagens no primeiro turno, agora aceitem). “Os votos que não foram transferidos é de gente que não votaria no PT nem se o Ciro enviasse um buque de flores pedindo o voto dessa pessoa. Afinal, não era à toa quando a gente falava que o Ciro era o único que conseguiria unir o Brasil, novamente. Tem muita gente que vota no Ciro, mas odeia o PT.

Cinco Gomes

“Teve muitos que iriam votar no Bolsonaro, mas votaram no Ciro, pois o charlatanismo do Bolsonaro cai por terra quando confrontado por alguém que não carrega o estigma do petismo. Quanto a esses eleitores, nem com muita reza brava votariam no PT, é mais fácil anular. “O Ciro não tem mais o que fazer pelo PT. O PDT já declarou apoio critico. Tem muita gente do PDT que, mesmo depois de um primeiro turno sujo, hoje está ai nas ruas pedindo votos ao PT. Nossa parte com a democracia e com o Brasil, estamos fazendo. “Não adianta querer achar alguém pra culpar antes da derrota. Escutem mais o Mano Brown e menos o Brasil 247. Se perderem, será por falta de comunicação, não por culpa do PDT ou do ‘direitista’ e ‘aliado dos golpistas’, ‘Cinco Gomes”.

Pesquisas

Ciro, terceiro colocado na disputa presidencial pelo PDT, chega de Paris no aeroporto da capital cearense, para votar no domingo. O presidente do PDT, Carlos Lupi, disse à agência inglesa de notícias Reuters, na véspera, que conversaria com Ciro para ver “o que mais é possível fazer” em defesa da candidatura de Haddad. O petista conversou com Lupi na quarta-feira e pediu uma ação mais incisiva de Ciro antes da votação do segundo turno da disputa pelo Palácio do Planalto, no domingo. Durante a entrevista, Haddad voltou a dizer que se vencer a eleição será necessário fazer um governo amplo, “com todos os democratas”. Pesquisa Datafolha divulgada na quinta-feira mostrou Bolsonaro na liderança do segundo turno da disputa presidencial com 56% das intenções de voto, nos votos válidos, contra 44% de Haddad, uma diferença de 12 pontos. No levantamento anterior, há três dias, a distância era de 18 pontos. Nos cálculos do Instituto Vox Populi, contudo, a diferença já chegava a seis pontos, nesta sexta-feira.

Agronegócio

Em entrevista mais cedo a outra rádio, o candidato do PT classificou de “suicida” a proposta de Bolsonaro de unir os ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente, apesar de o candidato do PSL ter dito que está aberto a rever essa medida. Segundo Haddad, o Brasil perderá mercado no exterior se descuidar das questões ambientais. — A proposta do meu adversário de fundir os ministérios do Meio Ambiente e Agricultura vai acabar com o agronegócio no país, porque Europa e Estados Unidos não vão comprar nossos produtos se não houver um acordo com meio ambiente — disse Haddad. — Nossos produtos hoje são certificados, por isso eles têm mercado no mundo desenvolvido. Vamos parar de produzir simplesmente porque não vamos ter para quem exportar. O meu adversário está fazendo uma proposta suicida — afirmou. A fusão dos dois ministérios foi uma das primeiras propostas de Bolsonaro. Aliados do candidato do PSL, no entanto, afirmaram esta semana que a ideia pode ser revista, depois que integrantes da Frente Parlamentar da Agropecuária e outros produtores rurais levaram ao capitão da reserva a preocupação com a ideia justamente pelas razões levantadas por Haddad.

Desmatamento

O candidato do PT ressaltou o fato de o Brasil ser um grande exportador, mas lembrou que o mundo hoje exige práticas de acordo com regras internacionais de proteção ao meio ambiente, e chamou Bolsonaro de “despreparado” para lidar com essas questões. A proposta petista para a área, disse Haddad, prevê desmatamento líquido zero, com a exploração de áreas já desmatadas e pouco produtivas e o desmatamento de outras, quando necessário, dentro das regras atuais, além de reflorestamento. — Não precisamos derrubar mata para ampliar produção. Basta deixar áreas que hoje não produzem mais produtivas — concluiu.
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