Quando era presidente dos EUA, Donald Trump não informou o recebimento de mais de uma centena de itens, aponta relatório. Prática é exigida por lei no país.
Por Redação, com DW - de Washington
Um relatório divulgado na sexta-feira por parlamentares democratas aponta que a administração do ex-presidente norte-americano Donald Trump deixou de informar o recebimento de mais uma centena de presentes, repassados por nações e autoridades estrangeiras, avaliados em mais de US$ 250 mil.

Não foi possível encontrar, por exemplo, uma pintura em tamanho real de Trump entregue pelo presidente de El Salvador à embaixada dos EUA no país antes das eleições de 2020. Conforme o levantamento, o embaixador alertou as autoridades americanas sobre o objeto.
O relatório diz que "não há registros da pintura" pela Administração de Arquivos e Registros Nacionais ou pela Administração de Serviços Gerais, mas que alguns registros sugerem que ela pode ter sido levada para a Flórida em julho de 2021 como propriedade de Trump.
Tacos de golfe dados pelo então primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, em 2018 e 2019, também não foram contabilizados.
Entre os itens não relatados estão ainda 16 presentes da Arábia Saudita, avaliados em mais de US$ 45 mil, incluindo uma adaga de até US$ 24 mil, e 17 presentes da Índia, a exemplo de abotoaduras, um vaso e uma maquete do Taj Mahal de 4,6 mil dólares, aponta o relatório.
Lei exige declarações
Nos Estados Unidos, presentes caros que autoridades estrangeiras dão ao presidente, vice-presidente e suas famílias devem ser relatados ao Departamento de Estado, segundo a Lei de Presentes e Decorações Estrangeiras.
Citando registros do Departamento de Estado, o relatório indica que o número de presentes relatados por Trump e sua família é menor do que o divulgado por presidentes anteriores.
De acordo com o documento, a Casa Branca, durante o governo Trump, relatou alguns presentes recebidos entre 2017 e 2019, mas deixou de repassar informações sobre mais de cem itens estrangeiros que, somados, ultrapassam US$ 250 mil.
– As conclusões preliminares de sexta-feira sugerem novamente um desrespeito descarado do governo Trump pelo Estado de direito e sua sistemática má conduta [em relação] a grandes presentes de governos estrangeiros, incluindo itens personalizados extravagantes que excedem amplamente o limite legal em valor, mas nunca foram relatados, com alguns deles faltando ainda hoje – afirmou o deputado democrata Jamie Raskin, de Maryland, um dos líderes do chamado Comitê de Supervisão.
Ele também disse que o comitê deve "continuar empenhado em seguir os fatos para determinar até que ponto o ex-presidente Trump infringiu a lei ou violou a Constituição ao não informar presentes e [assim] tomou posse de itens valiosos sem pagar o preço justo de mercado por eles".
Questionado, um porta-voz de Trump não respondeu aos pedidos de comentários.