Parece muito cedo para se saber se isso indica uma redução das ambições do presidente russo, Vladimir Putin, na Ucrânia, mas movimentos militares russos nesta semana indicam um reconhecimento da resistência surpreendentemente robusta dos ucranianos. As forças de Putin estão sob grande pressão em muitas partes do país.
Por Redação, com DW - de Kiev
As forças russas na Ucrânia parecem ter mudado de foco, deixando em segundo plano uma possível ofensiva terrestre contra Kiev para, em vez disso, priorizar o que Moscou chama de "libertação" da região separatista de Donbass, parcialmente controlada por forças pró-russas, sugerindo uma nova fase da guerra.
A novidade nessa guerra é o ensaio bélico levado a cabo na Ucrânia, que cobrará imprevisível rol de vidas humanas perdidas
Parece muito cedo para se saber se isso indica uma redução das ambições do presidente russo, Vladimir Putin, na Ucrânia, mas movimentos militares russos nesta semana indicam um reconhecimento da resistência surpreendentemente robusta dos ucranianos. As forças de Putin estão sob grande pressão em muitas partes do país, e os Estados Unidos e outras nações estão acelerando as transferências de armas e suprimentos para a Ucrânia.
Nos últimos dias, autoridades dos EUA. disseram que veem evidências de que defensores ucranianos partiram para a ofensiva de forma limitada em algumas áreas. O vice-chefe do Estado-Maior da Rússia, Sergei Rudskoy, informou que o exército russo teria cumprido "o objetivo principal da primeira fase" do que Moscou chama de "operação militar especial" na Ucrânia e que se concentrará em "libertar" a região de Donbass, no leste do país.
Ceticismo
Os militares ucranianos receberam com ceticismo o anúncio russo e afirmaram que ainda acreditam que um ataque em larga escala das tropas russas a Kiev é possível.
— Para este fim, o inimigo continua a reunir grande quantidade de tropas — disse o chefe do Estado-Maior do Exército da Ucrânia, Olexander Grusewitsch. Recentemente, as tropas ucranianas conseguiram recapturar várias posições e cidades nos arredores de Kiev.
Um relatório de inteligência do Ministério da Defesa do Reino Unido divulgado neste sábado alerta que a Rússia provavelmente continuará a "usar seu poder de fogo pesado em áreas urbanas, pois procura limitar suas próprias e já consideráveis perdas".
O texto diz que em mais de um mês de combates, as tropas russas não conseguiram capturar e manter nenhuma grande cidade ucraniana, embora vários centros importantes, incluindo Kharkiv, Chernihiv e Mariupol, permaneçam sob cerco.
Retomada
O relatório de inteligência afirma que as forças russas estariam confiando principalmente no uso indiscriminado de bombardeios aéreos e de artilharia "na tentativa de desmoralizar as forças de defesa", em vez de operações de infantaria em larga escala dentro das cidades. Essa estratégia viria "à custa de mais baixas civis", acrescentou o documento.
Em uma mensagem de vídeo divulgada na madrugada deste sábado, o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, voltou a pedir conversações ”sérias” com a Rússia. Ele afirmou que a resistência das tropas ucranianas está levando a liderança russa a "uma ideia simples e lógica: conversas é necessário". Ele enfatizou que, nas negociações, a Ucrânia não abrirá mão de sua soberania e e integridade territorial.
Zelenski agradeceu aos ucranianos que lutam contra a invasão russa.
— Na semana passada, nossas heroicas forças armadas desferiram golpes poderosos no inimigo, perdas significativas — afirmou. Ele disse que mais de 16 mil russos foram mortos, incluindo comandantes. A Rússia diz que 1.351 de seus soldados morreram em combate.