Rio de Janeiro, 27 de Junho de 2025

Depoimento da ‘Capitã Cloroquina’ prova improbidade federal, afirma especialista

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Quarta, 26 de Maio de 2021 às 14:14, por: CdB

A secretária de Saúde disse que buscou seguir apenas as recomendações favoráveis aos medicamentos, com base no Conselho Federal de Medicina (CFM), que não é formado por cientistas e pesquisadores, e ignorou diversos órgãos técnicos. Hallal acredita que o depoimento foi o mais importante da CPI até o momento.

Por Redação - de Brasília

O depoimento da médica Mayra Pinheiro, secretária de Gestão do Trabalho e Educação do Ministério da Saúde, à CPI da Covid, na véspera, comprova que houve improbidade administrativa do governo Bolsonaro ao incentivar a produção e uso de medicamentos ineficazes no combate ao coronavírus. A afirmação é do epidemiologista Pedro Hallal, coordenador do Epicovid-19, estudo que vai estimar o percentual de brasileiros infectados por idade, gênero, condição econômica, município e região geográfica, entre outros dados.

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Segundo Hallal, a questão de Manaus ficou esclarecida, contradizendo o ex-ministro Eduardo Pazuello

A secretária de Saúde disse que buscou seguir apenas as recomendações favoráveis aos medicamentos, com base no Conselho Federal de Medicina (CFM), que não é formado por cientistas e pesquisadores, e ignorou diversos órgãos técnicos. Hallal acredita que o depoimento foi o mais importante da CPI até o momento, já que expôs a vontade do governo em bancar um medicamento sem eficácia.

— Testar cloroquina em março de 2020 era aceitável, o problema é seguirem fazendo isso ainda neste ano, depois de vários estudos mostrando que ele não serve para covid-19. O investimento de dinheiro público para produzir cloroquina, depois que ficou provada a ineficácia dela, é um tema para ser investigado, pois configura improbidade administrativa — afirmou o epidemiologista.

Negacionismo

Mayra Pinheiro também confirmou ter informado à secretaria de Saúde do Amazonas que era “inadmissível” não adotar a orientação para utilização da cloroquina, hidroxicloroquina e ivermectina para o tratamento de pacientes com a covid-19. A secretária de Saúde também se esquivou da culpa de não fornecer oxigênio no colapso de Manaus, ao longo de mais de 20 dias.

 Para o especialista, a questão de Manaus ficou esclarecida, contradizendo o ex-ministro Eduardo Pazuello.

— É igual o valentão da escola que, quando vai para a diretoria, bota a culpa no colega. É lógico que o sistema tripartite exige uma atuação articulada, mas não tem como uma secretaria estadual ou municipal dar conta do crescimento enorme de casos, como ocorreu em Manaus. Era preciso entrar uma coordenação nacional do Ministério da Saúde, que foi até o local promover o tratamento precoce e impedir o lockdown na cidade — concluiu o médico.

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