Autoridades e políticos marcaram presença; Ruy Ferraz Fontes era considerado o inimigo nº 1 do PCC.
Por Redação, com Agenda do Poder – de São Paulo
O corpo do ex-delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo Ruy Ferraz Fontes, assassinado em Praia Grande, no litoral paulista, começou a ser velado na manhã desta terça-feira na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), em cerimônia marcada pela presença de familiares, amigos, políticos e autoridades.

Fontes, que teve papel histórico no combate ao Primeiro Comando da Capital (PCC), foi morto a tiros na noite de segunda-feira. A execução reacendeu a discussão sobre a violência organizada e a vulnerabilidade de autoridades que atuaram diretamente contra facções criminosas.
Velório na Alesp e despedida pública
O corpo deixou o Instituto Médico Legal (IML) por volta das 7h30 e chegou à Alesp às 11h10, em carro funerário. O velório foi aberto ao público. O enterro aconteceu no Cemitério da Paz, no bairro do Morumbi, na capital paulista.
Entre os presentes estiveram o secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, parlamentares estaduais e federais, além de integrantes do governo de São Paulo e representantes da Polícia Civil. Também teve presença do prefeito Ricardo Nunes no sepultamento.
Suspeitas sobre a execução
As investigações iniciais trabalham com duas linhas principais para explicar a motivação do crime. A primeira é a vingança do PCC, facção contra a qual Fontes atuou de forma direta, sendo responsável por operações que levaram à prisão de seus principais líderes. A segunda hipótese é uma retaliação por sua atuação mais recente como secretário de Administração da Prefeitura de Praia Grande, onde contrariou interesses de grupos criminosos locais.
O governador Tarcísio de Freitas determinou prioridade máxima às apurações e anunciou a criação de uma força-tarefa para identificar os responsáveis.
— Estou estarrecido. É muita ousadia. Uma ação muito planejada, por tudo que me foi relatado. O delegado Ruy percebeu que estava sendo atacado, tentou escapar da emboscada, mas foi covardemente assassinado — afirmou Tarcísio.
Segundo ele, a força-tarefa reunirá equipes do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) e do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), ambos com policiais especializados e com grande rede de informantes no crime organizado.
Histórico de enfrentamento ao PCC
Ruy Ferraz Fontes, de 63 anos, construiu sua carreira na Polícia Civil enfrentando o crime organizado em São Paulo. Há mais de 20 anos, teve papel decisivo na prisão de Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, líder máximo do PCC.
Sua trajetória como investigador foi marcada por operações que desarticularam células da facção e expuseram a estrutura hierárquica do grupo. O legado de Fontes como inimigo declarado do PCC o tornou alvo permanente de planos de execução, agora concretizados em uma emboscada que provocou comoção no meio político e policial.