Rio de Janeiro, 17 de Setembro de 2025

Polícia prende em São Paulo suspeito de executar ex-delegado

Arquivado em:
Quarta, 17 de Setembro de 2025 às 11:37, por: CdB

Ruy Ferraz Fontes foi morto a tiros em emboscada; autoridades investigam ligação do crime com o PCC e sua atuação em Praia Grande.

Por Redação, com Agenda do Poder – de São Paulo

A Polícia Civil de São Paulo prendeu na manhã desta quarta-feira um suspeito de participação no assassinato do ex-delegado-geral Ruy Ferraz Fontes. O homem, cujo nome não foi divulgado, foi levado ao Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), no centro da capital. Imagens divulgadas pela CBN mostram o momento em que ele desce de uma viatura com o rosto coberto e entra na sede policial.

Polícia prende em São Paulo suspeito de executar ex-delegado | O ex-delegado-geral da Polícia Civil paulista Ruy Ferraz Fontes
O ex-delegado-geral da Polícia Civil paulista Ruy Ferraz Fontes

Crime de grande repercussão

Fontes foi executado a tiros de fuzil na última segunda-feira, em Praia Grande, no litoral paulista, onde exercia o cargo de secretário municipal de Administração. Pelo menos seis criminosos participaram da emboscada, utilizando dois veículos roubados semanas antes. Ambos já foram localizados pela polícia.

De acordo com o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, o segundo carro usado na ação foi encontrado abandonado. “Esse veículo foi encontrado abandonado, os criminosos não conseguiram atear fogo. Ele estava ligado, e no interior foi coletado material que pode ser usado na identificação dos ocupantes”, afirmou.

Segundo investigadores, os executores usavam coletes à prova de balas, toucas e luvas, em uma operação “coordenada, planejada e com características táticas”, como descreveu um coronel da Polícia Militar ouvido pelo diário conservador carioca O Globo.

Possíveis motivações

As autoridades trabalham com duas linhas principais: a de que a execução estaria ligada à trajetória de Fontes como delegado-geral da Polícia Civil, cargo que ocupou entre 2019 e 2022 no governo João Doria, ou à sua atuação recente na Prefeitura de Praia Grande. Nenhuma hipótese descarta a participação do Primeiro Comando da Capital (PCC).

O nome de Fontes já havia aparecido em investigações da Polícia Federal sobre planos de execução de autoridades, ao lado do ex-juiz e senador Sérgio Moro e do promotor Lincoln Gakiya. “Por pelo menos três vezes eu informei sobre escutas, de cartas que eram apreendidas fazendo menção ao nome dele. No ano passado, cheguei a comunicá-lo de que tanto o nome dele quanto o meu e de outras autoridades foram encontrados ou mencionados em penitenciária federal com ordem de execução”, contou Gakiya.

Histórico e inimigos

Responsável, nos anos 2000, por inquéritos que resultaram na condenação da cúpula do PCC, Fontes aposentou-se após mais de 40 anos na Polícia Civil. Em 2023, assumiu a secretaria em Praia Grande, onde teria acumulado desafetos no setor imobiliário, alvo da influência da facção criminosa na Baixada Santista.

Uma das linhas de apuração relaciona o crime a uma liderança do PCC que deixou o sistema penitenciário federal há cerca de um mês e que adota modus operandi semelhante ao da execução de Fontes.

Velório e homenagens

O corpo do ex-delegado foi velado na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) e sepultado no cemitério da Paz Morumbi, na Zona Sul da capital. O cortejo reuniu familiares, amigos, agentes de segurança e autoridades, entre elas o ex-governador João Doria, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, e o secretário Guilherme Derrite.

Doria, responsável por nomear Fontes como delegado-geral, disse não ter sido informado sobre ameaças recebidas. “Eu sabia por outras pessoas, mas dele, não. Ele nunca fez publicidade disso e nem se autoflagelou em função das ameaças. Ele era tático, planejava e agia com muito cuidado e com muito senso de justiça também. Nunca via ele cometer um ato de maldade ou uma vingança”, afirmou.

Reações políticas

O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, classificou o crime como “preocupante” e disse ter ligado para o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) oferecendo ajuda federal. “Foi um assassinato brutal e nos mostra o nível de violência que grassa aqui no Brasil e em outros países”, declarou.

Tarcísio, por sua vez, lamentou a morte e negou que houvesse qualquer pedido de proteção por parte de Fontes. “Toda vez que somos demandados, encaramos com muita responsabilidade. Então, se houvesse algum pedido de proteção, a gente, com certeza, daria”, disse.

O secretário nacional de Segurança Pública, Mario Sarrubbo, lembrou que o governo federal prepara projetos de lei para proteger agentes públicos após a aposentadoria, medida que ganhou força com o episódio. “(As pessoas) saem, mas a memória do crime fica”, resumiu Tarcísio.

Edições digital e impressa
 
 

 

 

Jornal Correio do Brasil - 2025

 

Utilizamos cookies e outras tecnologias. Ao continuar navegando você concorda com nossa política de privacidade.

Concordo