Acordo firmado em fevereiro de 2020 permitiu que Arthur do Val e o vereador Fernando Holiday migraram do DEM para o Patriota e receberam carta branca para montar o diretório municipal da legenda. O coordenador nacional do MBL, Renato Battista, assumiu a Presidência do partido na capital paulista.
Por Redação - de Belo Horizonte, Brasília e São Paulo
No comando do Partido Patriota, em São Paulo, desde o ano passado, a cúpula do Movimento Brasil Livre (MBL) tem reunião marcada na noite desta terça-feira para resolver se permanece, ou não na legenda, caso seja confirmada a integração da família Bolsonaro com vistas às eleições de 2022.
— Vamos ver como agir. Não existe a possibilidade de estarmos juntos no mesmo projeto político. A entrada do Flávio ao partido foi terrível — disse a jornalistas o deputado estadual Arthur do Val, mas conhecido como Mamãe Falei, referindo-se à filiação do senador Flávio Bolsonaro, conhecido como filho ’01’ do mandatário, anunciada na véspera.
Acordo firmado em fevereiro de 2020 permitiu que Arthur do Val e o vereador Fernando Holiday migraram do DEM para o Patriota e receberam carta branca para montar o diretório municipal da legenda. O coordenador nacional do MBL, Renato Battista, assumiu a Presidência do partido na capital paulista.
Em juízo
O número de defecções na legenda também aumentou, nesta tarde, com a expulsão do vereador de Belo Horizonte Gabriel Azevedo, em comunicado assinado pelo presidente estadual da legenda, Hércules de Sá. O dirigente partidário afirma que o parlamentar, por reiteradas vezes, “se posicionou veementemente contra o atual presidente da República, bem como a outros parlamentares ligados à sua família”.
Na véspera, após uma convenção marcada por críticas e que foi judicializada, o presidente nacional do Patriota, Adilson Barroso, admitiu a filiação de familiares do presidente Jair Bolsonaro. O primeiro filiado foi o senador Flávio Bolsonaro.
O ato foi suficiente para, segundo Hercules de Sá, ficar claro “que a atitude demonstrada em mais de uma ocasião pode comprometer não só as relações internas, como também as relações políticas do Patriota”. O partido instaurou procedimento contra o vereador da capital e o considerou expulso desde o recebimento do ofício, além de não o autorizar a falar ou se manifestar em nome da legenda.
Declaração
Durante a sessão plenária desta terça-feira, Gabriel Azevedo revelou a carta de expulsão e disse que volta a ser um vereador sem partido na Câmara, o que já ocorreu no mandato anterior.
— Como não é a primeira vez, não preciso explicar que não é por não ter partido que não tenho ideias e senso democrático com a cidade. Agora tenho o prazer de não ter imanando em uma legenda, mas em um bloco — afirmou.
Após a declaração, a presidente da Câmara Nely Aquino (Podemos) convidou Azevedo a se filiar à sigla.
— As portas do Podemos estão abertas. Juntos, podemos mais”, disse em referência ao nome da sigla. Nos bastidores, fala-se que a presidente e Azevedo podem formar uma chapa nas eleições futuras — concluiu.