Rio de Janeiro, 05 de Setembro de 2025

A antecipação no futebol e na política

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Sexta, 05 de Setembro de 2025 às 12:42, por: CdB

Cá com meus modestos botões de velho militante apenas esforçado, mas com alguma capacidade de análise, na cena política brasileira nem sempre contamos com “grandes jogadores”.

 

Por Luciano Siqueira – de Brasília

O médico e colunista esportivo Eduardo Gonçalves de Andrade, o Tostão, um dos craques da seleção brasileira campeã mundial em 1970, desenha o perfil do atleta diferenciado, às vezes genial: 

A antecipação no futebol e na política | Pelé jogando na Suécia em 1960
Pelé jogando na Suécia em 1960

“O grande jogador tem a capacidade de inventar o momento. E tem a antevisão do lance: quando recebe a bola, ele já sabe tudo o que vai acontecer dali pra frente. Chega sempre primeiro que o outro”, disse, em depoimento gravado originalmente para a série Futebol, entre 1996 e 1998.

Lá atrás, próximo de encerrar sua brilhante carreira nos gramados, Nilton Santos — então ex-lateral esquerdo convertido a quarto zagueiro — em entrevista à revista Manchete Esportiva, explicou por que havia se tornado um excelente marcador de Pelé:

“Eu me antecipo. Dou combate antes do ‘negão’ pegar a bola, pois se ele a domina, não há quem o impeça de fazer uma jogada genial.”

Cá com meus modestos botões de velho militante apenas esforçado, mas com alguma capacidade de análise, na cena política brasileira nem sempre contamos com “grandes jogadores”. 

Os fatos comandam as atitudes, quase ninguém tem a capacidade de a eles se antecipar.

É o que Lênin, o genial líder da Revolução de Outubro, na Rússia, caracterizava como “se deixar ficar a reboque dos acontecimentos”. 

Bola quica na entrada da área

Às vezes, a bola quica na entrada da área e ninguém chuta em gol. Ou se anuncia esta ou aquela jogada, e a certeza do êxito desejado, atropelando a evolução dos fatos. De quebra, abrindo o jogo para o adversário, antecipadamente.

Vale para as próximas eleições gerais, em 2026, quando estarão em disputa a presidência da República, os governos estaduais, dois terços do Senado, a Câmara dos Deputados e as Assembleias Legislativas.

Uma das marcas da sociedade brasileira é a instabilidade, social e política, que se reflete numa espécie de caleidoscópica evolução dos acontecimentos nos grandes embates eleitorais.

Daí o volume de vitoriosos de véspera derrotados, afinal, pela confluência de fatores até previsíveis, porém ocultos ao olhar cego da soberba.

 

Luciano Siqueira, é médico, membro do Comitê Central do PCdoB e secretário nacional de Relações Institucionais, Gestão e Políticas Públicas do partido, foi deputado estadual em Pernambuco e vice-prefeito do Recife.

As opiniões aqui expostas não representam necessariamente a opinião do Correio do Brasil

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