Possível candidato ao posto de Bolsonaro, em 2022, Amoêdo enfrenta resistências em seu partido e defende um projeto eleitoral que enfrente Bolsonaro e Lula (ambos populistas, na visão dele) e promova "um resgate do Brasil”.
Por Redação - de São Paulo
Entre os principais nomes de direita que defendem o impedimento do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), um dos líderes do Partido Novo e fundador do Partido Novo, João Amoêdo aponta o fracasso do atual mandatário e diz que ele será o responsável pela abertura do caminho para a volta da esquerda ao poder; principalmente agora, com a volta do ex-presidente Lula (PT) ao cenário eleitoral.
— Pode reforçar o retorno da esquerda que ele (Bolsonaro) tanto dizia combater, por total ineficiência e por uma visão ideológica extremada e distorcida — afirmou Amoêdo ao diário conservador paulistano Folha de S. Paulo (FSP), em uma entrevista exclusiva publicada na edição desta terça-feira, para assinantes.
O ex-banqueiro, que votou no atual mandatário no segundo turno de 2018, hoje se arrepende de ter ajudado a conduzi-lo ao Palácio do Planalto.
— É pior do que a gente poderia imaginar — amarga, frustrado com a paralisação da agenda liberal do ministro Paulo Guedes, que está "fazendo figuração", e com o "desempenho desastroso" do governo na pandemia.
Sem equilíbrio
Possível candidato ao posto de Bolsonaro, em 2022, Amoêdo enfrenta resistências em seu partido e defende um projeto eleitoral que enfrente Bolsonaro e Lula (ambos populistas, na visão dele) e promova "um resgate do Brasil”. O direitista, no entanto, ainda acredita que Bolsonaro sofrerá um impeachment, antes de completar o mandato.
— Do ponto de vista jurídico, há o fundamento, uma série de crimes de responsabilidade. Do ponto de vista político, ainda não existe clima, mas acredito que continuará crescendo o apoio à ideia. A estrutura que se montou no Congresso, com a eleição de uma liderança apoiada pelo presidente (Arthur Lira, do PP de Alagoas), torna o processo mais difícil. Pretendo continuar insistindo nisso, mesmo que ele não venha a ser pautado, mas para que o cidadão se lembre disso na hora do voto em 2022 — adiantou.
Ainda segundo Amoêdo, será “muito difícil” enfrentar a pandemia, com Bolsonaro no governo.
— Ele faz o contrário do que recomendam as boas práticas, faz ataques desnecessários aos gestores públicos e incentiva a população a descumprir medidas. E os resultados que estamos colhendo são reflexo da liderança dele, uma atuação que compromete vidas de brasileiros. A competência, o conhecimento, o equilíbrio, nada disso são aptidões que valem no governo Bolsonaro.
Sem visão
O que vale é a subserviência e a bajulação a um teórico mito. Basta ver o caso da médica Ludhmila Hajjar (que foi cotada para o Ministério da Saúde e recusou). Isso é muito ruim, porque o governo deixa de trazer uma pessoa que seria mais eficiente do que o ministro (Eduardo) Pazuello — respondeu à FSP.
A chegada do ex-presidente Lula à disputa eleitoral, de acordo com Amoêdo, é um elemento a mais no tabuleiro.
— Os escândalos das 'rachadinhas', de cheque na conta da esposa (Michelle Bolsonaro), uma série de fatos que não são explicados, isso tudo criou para a esquerda um discurso muito fácil. É tanta coisa errada que dá argumentos para quem estava na ponta oposta. A minha avaliação é que ele terá feito um mandato do qual a sociedade sairá mais fraca, no qual ele não terá entregue praticamente nada do ponto de vista de gestão e que pode reforçar o retorno da esquerda que ele tanto dizia combater, por total ineficiência e por uma visão ideológica extremada e distorcida — conclui.