Questionado por repórteres sobre o que pensa acerca do tarifaço de 50% imposto pelo presidente norte-americano Donald Trump contra os produtores brasileiros, Bolsonaro desconversa e nega que a intervenção de um governo estrangeiro em um processo que tramita na Corte Suprema seja uma ameaça à soberania.
Por Redação – de Brasília
Desconectado da realidade jurídica, fundamentada por provas e depoimentos no processo em curso no Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-mandatário neofascista Jair Bolsonaro (PL), à saída do gabinete do filho ’01’, como é conhecido o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), criticou o parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR) favorável à sua condenação a mais de 40 anos de cadeia por liderar o golpe de Estado fracassado no 8 de Janeiro e alega sua inocência.

— Não sou culpado de nada, não estou sendo acusado de corrupção. É injustiça comigo — vitimiza-se Bolsonaro.
Questionado por repórteres sobre o que pensa acerca do tarifaço de 50% imposto pelo presidente norte-americano Donald Trump contra os produtores brasileiros, Bolsonaro desconversa e nega que a intervenção de um governo estrangeiro em um processo que tramita na Corte Suprema seja uma ameaça à soberania. Em seguida, diz que negociaria com os EUA se “lhe dessem o passaporte”, embora tal possibilidade indique, para a Polícia Federal (PF), uma tentativa de fuga do país.
— Vamos supor que Trump queira anistia. É muito? É muito, se ele pedir isso aí? A anistia é algo privativo do parlamento. Não tem que ninguém ficar ameaçando tornar inconstitucional — alega.
Favor de Lula
Bolsonaro declarou ainda, na entrevista coletiva, que se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lhe fizesse o favor e “sinalizasse positivamente”, seu passaporte, atualmente retido pela PF, fosse devolvido.
— Se o Lula sinalizar para mim, eu sei que não é ele que vai dar o passaporte, eu negocio com o Trump. (…) Quem não vai conversar vai pagar um preço alto — tenta ameaçar Bolsonaro.
Para justificar o ‘tarifaço’ de 50% contra a economia nacional, Trump diz que há em curso uma “caça às bruxas” contra Bolsonaro. O ex-mandatário, no entanto, responde a um processo regular, que tramita pelo STF. Ainda segundo Bolsonaro, o Brasil encontra-se isolado diante da nova política comercial de Washington. Em sua avaliação, a defesa da soberania nacional feita por Lula conduz o país a uma dependência econômica crescente da China.
— O Brasil está isolado. (…) Quando se fala em soberania, nós vamos ficar dependentes da China — resume Bolsonaro, após alegar que Trump quer ver “a democracia restabelecida” no país.