Bolsonaro voltou a colocar em dúvida a segurança das eleições no Brasil, sem apresentar uma prova sequer. Nas suas declarações, Bolsonaro ofendeu o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso.
Por Redação - de Brasília
Confrontado pelo ministro Luís Roberto Barroso, em nota distribuída na tarde desta sexta-feira, sobre os seus ataques ao processo eleitoral brasileiro, o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido) insinuou nesta manhã que o deputado federal Aécio Neves (PSDB) teria vencido a eleição presidencial em 2014, ainda que o próprio PSDB tenha reconhecido a legitimidade da vitória de Dilma Rousseff (PT). Trata-se, na realidade, de uma nova cortina de fumaça na tentativa de driblar a crise política em que se encontra, disseram analistas.
Bolsonaro voltou a colocar em dúvida a segurança das eleições no Brasil, sem apresentar uma prova sequer. Nas suas declarações, Bolsonaro ofendeu o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso.
— Não tenho medo de eleições. Entrego a faixa a quem ganhar. No voto auditável. Nessa forma (atual), corremos o risco de não termos eleição no ano que vem. Porque é o futuro de vocês que está em jogo — disse Bolsonaro em conversa com seguidores, no Palácio da Alvorada.
Dilma e Aécio
Em seguida, o presidente chamou Barroso de "imbecil" e "idiota" e afirmou que houve "fraude" e "roubalheira" nas eleições presidenciais de 2014.
— Em 2014 se mostrou a apuração minuto a minuto. Obviamente vocês não tiveram acesso. E minuto a minuto, no segundo turno, começou (com) o Aécio Neves lá em cima e a Dilma lá embaixo. Com o tempo, essas curvas foram se cruzando até que se estabilizaram na horizontal com a Dilma na frente. Depois que as curvas se tocaram, ou momentos antes das curvas se tocarem, era Dilma ganhou, Aécio ganhou, Dilma ganhou, Aécio ganhou. Por 271 (mil) vezes. É você jogar uma moeda 217 (mil) vezes para cima e dar cara, coroa, cara, coroa, cara, coroa — presumiu o presidente.
O presidente da CPI da Covid, senador Omar Aziz (PSD-AM), e o relator, Renan Calheiros (MDB-AL), também foram alvos do mandatário, alvo de uma série de denúncias quanto a irregularidades na compra das vacinas indianas Covaxin.
— Quem vota em Omar Aziz ou é ignorante ou nasceu naquele lugar. O cara que desviou R$ 260 milhões da saúde investigando (o Ministério da) Saúde — afirmou, repetindo acusação feita na quinta-feira, negadas por Aziz.
Quartelada
Quanto a Renan Calheiros, o presidente foi mais longe:
— Vocês acham que Renan Calheiros, por exemplo, se pudesse fraudar a votação, ele fraudaria, pelo caráter que tem? A única forma de bandidos como Renan Calheiros se perpetuarem na política, entre outros que estão do lado dele, o nove dedos [referência a Lula da Silva], é na fraude — atacou.
Analistas ouvidos pela reportagem do Correio do Brasil, no entanto, entendem que os ataques de Bolsonaro apenas aumentam a desconfiança sobre um risco de golpe, que não deve ser ignorada, embora considerem improvável uma nova quartelada, no país.