O cessar-fogo foi selado no sábado, após quatro dias de ataques e contra-ataques de ambos os lados, que deixaram ao menos 60 mortos e provocaram a fuga de milhares de habitantes.
Por Redação, com CartaCapital – de Nova Délhi
O cessar-fogo entre a Índia e o Paquistão se mantém neste domingo, horas depois de as duas potências nucleares vizinhas se acusarem mutuamente de violar a trégua anunciada no dia anterior.

O cessar-fogo foi selado no sábado, após quatro dias de ataques e contra-ataques de ambos os lados, que deixaram ao menos 60 mortos e provocaram a fuga de milhares de habitantes. Foi o pior surto de violência desde o último conflito aberto entre a Índia e o Paquistão em 1999.
A cessação “total e imediata” das hostilidades foi anunciada inesperadamente pelo presidente norte-americano, Donald Trump, após uma “longa noite de negociações mediadas pelos Estados Unidos”.
Nova Délhi e Islamabad confirmaram a informação minutos depois de Trump fazer o anúncio em sua rede Truth Social.
A escalada entre as duas potências nucleares levantou temores de uma guerra aberta.
No entanto, o secretário das Relações Exteriores da Índia, Vikram Misri, denunciou “repetidas violações” do cessar-fogo na manhã deste domingo e garantiu que suas forças armadas “estão dando uma resposta adequada e apropriada”.
O Paquistão declarou que “permanecia comprometido” com a trégua e que suas forças estavam tratando as violações indianas com “responsabilidade e moderação”.
‘Paz frágil’
Um clima confuso reinou nas áreas de fronteira da Caxemira administrada pela Índia neste domingo.
Moradores de várias vilas no lado indiano da Linha de Controle, a fronteira de fato da Caxemira dividida, disseram que os bombardeios paquistaneses recomeçaram horas após o anúncio do cessar-fogo.
A casa de Bairi Ram, na vila de Kotmaira, foi reduzida a escombros por bombardeios, e três de seus búfalos morreram. “Acabou tudo”, lamentou.
Hazoor Sheikh, de 46 anos, que administra uma loja no principal mercado da cidade fronteiriça indiana de Poonch, a mais atingida pelos combates, foi um dos primeiros a reabrir sua loja neste domingo.
– Finalmente, depois de dias, pudemos dormir em paz – disse Sheikh.
Praveen Donthi, analista do International Crisis Group, expressou ceticismo sobre o cessar-fogo.
– A paz é frágil. É muito precária – disse ele à agência francesa de notícias AFP neste domingo.
– As relações continuarão hostis. As coisas vão ser difíceis. Os ataques de baixa intensidade continuarão, provavelmente não por parte dos militares, mas talvez por parte de militantes – acrescentou.
‘Acampamentos terroristas’
O conflito começou com o ataque de 22 de abril na Caxemira administrada pela Índia, que matou 26 turistas, a maioria homens hindus, em um ataque que a Índia atribui ao Paquistão.
A Índia acusa o grupo Lashkar-e-Taiba, sediado no Paquistão e considerado um grupo “terrorista” pela ONU, de ser responsável pelo ataque, algo que Islamabad nega.
Na quarta-feira, a Índia lançou ataques com mísseis contra “acampamentos terroristas”. Islamabad respondeu imediatamente com fogo pesado de artilharia e alegou ter derrubado cinco aviões de combate.
Grupos armados que operam na Caxemira intensificaram suas atividades desde 2019, quando o governo nacionalista hindu do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, revogou sua autonomia limitada e colocou o estado sob controle direto de Nova Délhi.
Desde que ambos os países conquistaram a independência do domínio britânico em 1947, travaram diversas guerras pelo controle total da região.