Rio de Janeiro, 27 de Julho de 2025

Washington não entrega armas adquiridas por Taiwan, diz mídia

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Quarta, 31 de Agosto de 2022 às 09:52, por: CdB

Apesar do atraso, Washington segue usando a mesma estratégia usada na Ucrânia, espalhando pânico, realizando provocações e criando desavenças, com funcionários do governo afirmando que Taiwan deve se reforçar cada vez mais para combater a "ameaça chinesa".

Por Redação, com Sputnik - de Washington

O portal Defense News relatou que, com toda a agitação e tensão entre Taiwan, EUA e China, a ilha decidiu seguir os passos estratégicos norte-americanos e comprou US$ 14 bilhões (R$ 71,7 bilhões) em equipamentos militares.

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Apesar do atraso, Washington segue usando a mesma estratégia usada na Ucrânia

Apesar do investimento de Taiwan e todo o apoio norte-americano, Washington atrasou as entregas, deixando a ilha com um rombo de bilhões de dólares e sem armas.

Apesar do atraso, Washington segue usando a mesma estratégia usada na Ucrânia, espalhando pânico, realizando provocações e criando desavenças, com funcionários do governo afirmando que Taiwan deve se reforçar cada vez mais para combater a "ameaça chinesa".

Além disso, o portal expõe que os EUA deixaram claro que a missão é fortalecer Taiwan para impedir que a China atinja seus objetivos na região e que, para isso, "fornecerão" tudo o que for preciso à ilha.

Além de Taiwan, o Japão, Austrália, Coreia do Sul e Nova Zelândia esperam pela entrega de armas norte-americanas.

O portal destaca que o atraso na entrega das armas ilustra como o lento processo de vendas militares estrangeiras está minando os esforços dos EUA para deter Pequim na região do Pacífico.

EUA copiam modelo ucraniano no estreito de Taiwan

Os EUA canalizaram dezenas de bilhões em armas para Taiwan desde 1949 para ajudar a ilha a manter sua autonomia em relação a Pequim, mesmo depois de reconhecer oficialmente que a ilha faz parte da China e romper relações formais com Taipé em 1979.

Enquanto o presidente dos EUA, Joe Biden, pressiona o Congresso para aprovar mais US$ 1,1 bilhão (cerca de R$ 5,6 bilhões) em armas e apoio militar a Taiwan, especialistas de Taiwan e da China continental concordaram que nenhuma quantia de promessas ou ajuda norte-americana pode tornar Taiwan segura, apenas a paz através do estreito pode fazer isso.

Até agora em seu governo, Biden vendeu US$ 1,065 bilhão (aproximadamente R$ 5,4 bilhões) em armas para a ilha, o que significa que o acordo proposto mais que dobraria a ajuda militar oferecida pelo presidente. A medida ocorre semanas depois que a presidente da Câmara, Nancy Pelosi, visitou Taiwan e se reuniu com líderes seniores, apesar das advertências de Pequim e do Pentágono de que o gesto seria provocativo. Vários outros legisladores dos EUA seguiram o exemplo, e o Exército de Libertação Popular (ELP) realizou exercícios militares maciços em toda a ilha em resposta.

Biden, Pelosi e outros, incluindo republicanos, fizeram declarações prometendo sua solidariedade a Taiwan e insinuando que Washington defenderia militarmente Taiwan no caso de um ataque do governo chinês. No entanto, especialistas de Taiwan e da China continental estavam céticos sobre essas promessas, observando que nem as vendas de armas nem a ameaça de resposta militar dos EUA são capazes de garantir a segurança de Taiwan.

– A possibilidade de qualquer envolvimento dos EUA no conflito de Taiwan é fundamentalmente circunstancial – disse à agência russa de notícias Sputnik o pesquisador da Sociedade de Estudos Estratégicos com sede em Taiwan e um dos principais especialistas militares no ELP e segurança regional em Taiwan, o Dr. Chang Ching, nesta quarta-feira. "Tudo depende se Washington precisa ou não adotar abordagens militares para salvaguardar seus interesses nacionais quando qualquer crise específica realmente acontecer."

– Honestamente, não há base legal sólida para garantir a participação dos EUA em qualquer conflito armado para defender Taiwan – disse Chang. "Sob tais circunstâncias, os políticos dos EUA simplesmente tentam vender certas imaginações ilusórias para convencer as pessoas em Taiwan de que os Estados Unidos definitivamente farão algo para enfrentar as crises associadas à segurança de Taiwan, a fim de adquirir influências diplomáticas e outros retornos pragmáticos de Taipé."

É por isso, disse ele, que os EUA mantêm sua política de "ambiguidade estratégica" em relação a Taiwan, que é opaca tanto aos olhos taiwaneses quanto chineses, mantendo um status quo delicado. Se a China tentasse reunificar o país pela força, Washington teria que julgar quanta perda material poderia suportar em tal guerra, o que ganharia ao fazê-lo e a possibilidade de sucesso contra o ELP, antes de se comprometer com um conflito tão consequente.

É por isso, disse Chang, que os EUA estão "exercendo um esquema de guerra por procuração na Ucrânia", para evitar uma guerra de duas frentes no caso de um conflito com a China.

No entanto, ele advertiu que mesmo isso estava se mostrando impopular tanto na Europa quanto nos EUA "sua tendência pode limitar o espaço disponível para os Estados Unidos exercerem sua manobra política no futuro", previu.

– Nenhum armamento pode garantir a segurança de Taiwan. A única abordagem para garantir a paz e a estabilidade é eliminar a hostilidade através do estreito, enquanto nem Taipé nem Pequim precisam abrir mão de seus próprios princípios – acrescentou Chang. "Pode não ser necessário que Pequim goste de Taipé ou Taipé goste de Pequim, mas ambos os lados devem aprender a viver juntos."

O professor Wang Yiwei, diretor do instituto de assuntos internacionais da Universidade Renmin da China, em Pequim, disse à Sputnik que "na verdade, os EUA deveriam estar preocupados com um confronto militar, conflito ou mesmo guerra com a China. Mas os (norte) norte-americanos vão perder muito respeito após a visita de Pelosi e (ter) uma resposta muito forte da China, que vimos durante o exercício militar."

Política externa dos EUA

Wang observou que a política externa dos EUA é "dirigida gradualmente pelo complexo militar-industrial", fazendo com que passe de apoiar um confronto de longo prazo com a Rússia na Ucrânia para conflitos na Síria, Iraque e Afeganistão, para vender armas a Taiwan.

– Essa é a desculpa (norte) americana, para ajudar Taiwan a se defender – disse ele. No entanto, ele destacou que isso "ajuda a China a desenvolver sua capacidade militar para defender nossa soberania e interesses nacionais, para tornar a China uma superpotência militar".

– A América (do Norte) tem uma governança ruim e até falha internamente, e então pede ao mundo que pague os custos. Eles estão jogando a carta de Taiwan. Eles até querem copiar o modelo da Ucrânia no estreito de Taiwan. Não é porque eles não conseguem encontrar nenhum consenso internamente, mas apenas para vender armas, apenas para atacar a China ou atacar a Rússia – disse ele.

– Ninguém pode impedir a reunificação da China, porque a China é um país unido há mais de 2 mil anos. A separação de Taiwan é impossível e inaceitável – disse Wang.

– Como (o então líder chinês) Deng Xiaoping disse no início dos anos 1980, se Taiwan fosse independente, não poderia se sentir segura, poderia ser colonizada pelo Japão ou pelos EUA. Portanto, se os EUA venderem armas e mais equipamentos militares para Taiwan, causarão mais problemas para o estreito de Taiwan. Não haverá paz e estabilidade. Então a única solução é unificar.

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