Nova descoberta confirma achado de água submarina feito há quase 50 anos. Na época, um navio do governo dos EUA, em busca de recursos minerais, perfurou o fundo do mar e encontrou inesperadamente água doce misturada às águas salgadas.
Por Redação, com agências internacionais – de Washington
Uma nova fronteira na busca por água potável pode estar escondida sob o oceano. Cientistas da Expedição 501, uma iniciativa internacional de pesquisa, identificaram um extenso aquífero de água doce submarina. Os pesquisadores acreditam que o aquífero se estende de Nova Jersey até o estado do Maine.

A revelação confirma a descobeta de evidências água submarina há quase 50 anos. À época, um navio do governo norte-americano, que, em busca de recursos minerais, perfurou o fundo do mar e encontrou, de forma inesperada, água doce em meio às águas salgadas.
Com apoio da National Science Foundation e do European Consortium for Ocean Research Drilling, a expedição perfurou sedimentos submarinos a profundidades de até 400 metros para coletar cerca de 50 mil litros de água. Os cientistas agora analisam essas amostras em laboratórios espalhados pelo mundo para entender sua origem — se derivam de antigas geleiras, sistemas subterrâneos conectados à terra ou uma combinação dos dois.
O esforço se baseou em um projeto anterior, de 2015, liderado pela Woods Hole Oceanographic Institution e pelo Lamont-Doherty Earth Observatory, que usou tecnologia eletromagnética para mapear um aquífero submarino na região.
A análise inicial confirmou a presença de grandes volumes de água doce ou quase doce, sugerindo que o sistema poderia, em teoria, abastecer uma cidade do porte de Nova York por até 800 anos.
Ecossistemas marinhos
Apesar do potencial promissor, especialistas alertam para os obstáculos técnicos, legais e ambientais envolvidos. A extração da água em larga escala ainda é inviável com a tecnologia atual, e há questões em aberto sobre direitos de uso, jurisdição internacional e impactos nos ecossistemas marinhos.
Rob Evans, geofísico da Woods Hole e participante do projeto de 2015, afirmou que a retirada de água desses aquíferos pode afetar o equilíbrio ambiental, uma vez que a água subterrânea que escapa para o leito oceânico fornece nutrientes vitais para a vida marinha. “Quase certamente haveria consequências imprevistas”, advertiu.
Além disso, a análise laboratorial terá papel central para avaliar se o recurso é renovável. A datação da água ajudará a identificar se ela provém de períodos geológicos antigos ou se está sendo constantemente reabastecida por fontes terrestres. “Se for jovem, significa que está recarregando”, disse Dugan.