Além da lama e dos estragos causados pelo temporal, no entanto, também podem ser vistos por toda a parte os esforços de voluntários que levam água, comida e itens de higiene para pontos de apoio montados em diversas partes da cidade.
Por Redação, com ABr - do Rio de Janeiro
Quase quatro dias após a tempestade que causou um número de vítimas que não para de crescer, as ruas de Petrópolis ainda são cenário da destruição causada pela força da água que derrubou encostas, aumentou o nível de rios e invadiu casas e lojas.

Portas fechadas na Rua Teresa
Mônica morava na Rua Nova, poucos metros acima de uma das principais ruas de Petrópolis, a Rua Teresa. Quando a tempestade caiu sobre a cidade, a lama que desceu das encostas na Rua Nova e ruas acima soterrou casas e invadiu lojas nessa via que é uma das ruas mais famosas de Petrópolis. A Rua Teresa recebe um grande número de visitantes por ser um polo de moda com preços populares, e a tradição da atividade têxtil criou no local uma cadeia de confecções que abastece as próprias lojas. Dono de uma dessas confecções, Carlos Roberto Alves, de 61 anos, ainda não sabe se poderá reabrir sua empresa. Ele conta que a enxurrada levou os carros que usava para transportar as roupas até suas lojas, e o problema maior é que a encosta desabou bem ao lado do local onde trabalha há 30 anos. – Estou sem perspectiva, porque essa área está condenada. Eu tenho familiares que moram ali e estão desabrigados. Estou abrigando minha tia e meu primo porque eles não têm para onde ir. Engenheiro de formação, ele conta que a Rua Teresa "lhe deu sua vida", porque foi nela que encontrou seu caminho profissional. – A Rua Teresa está no coração econômico da cidade. Tem o turismo e tem a Rua Teresa. Muitas indústrias saíram de Petrópolis, e ficaram mais as confecções, micro e pequenas empresas que se mantêm e ajudam a manter a cidade através das vendas.Limpeza
No ponto mais crítico da via onde Carlos trabalha, equipes de salvamento ainda buscam desaparecidos em meio a casas soterradas e muita lama. Já nas partes em que foi possível ao menos isolar a lama em parte da calçada, comerciantes começam a chegar para avaliar os estragos e limpar a sujeira. É o caso de Marco Cesar da Silva, de 52 anos. Dono de uma loja no centro comercial, ele conta que já tinha encerrado o expediente e trabalhava com atividades internas quando ouviu muita gritaria na rua. "Foi assustador. Quando olhei pela janela, estava tudo tomado de lama", lembra ele, que perdeu peças que estavam na vitrine quando a lama entrou na galeria. Apesar disso, ele conta aliviado que os danos em sua loja param por aí. Mesmo assim, Marco não crê que será possível abrir a loja nas próximas duas semanas. "É um processo lento. Acredito que só para depois, em março, quando limpar tudo. Para voltar à vida, e nem digo normal, vai demorar pelo menos uns 15 dias para pensar em abrir a loja. Ainda tem muito lixo", conta ele, que ainda precisa cruzar uma poça de lama até as canelas para chegar à galeria em que trabalha, onde manequins ainda vestidos com peças em promoção permanecem em meio ao lamaçal. A água causou muito mais estrago alguns metros abaixo, na principal rua do centro de Petrópolis, a Rua do Imperador. Na tarde de ontem (17), trabalhadores de diversas lojas lavavam utensílios e mobiliários na calçada, aproveitando um curto intervalo sem chuva. Gerente de uma loja de produtos de beleza, Iris Brito conta que não foi preciso mais do que 15 minutos para que a água tomasse conta do estabelecimento, que fica em um dos pontos mais movimentados da cidade. – Foi muito rápido quando a chuva veio. A água subiu 1,60 metro e perdemos muitos produtos. Só o que estava no alto se salvou. Foi um pânico. Resgatamos clientes, pessoas da rua e colocamos para dentro, fomos todos para o segundo andar – conta ela. Em meio a uma loja ainda marcada pela lama no chão e nas paredes, apesar dos esforços dos trabalhadores para limpá-la, Iris fala das consequências para o comércio e comerciantes: "Vamos demorar muito (a nos recuperar). Os empresários da cidade vão sofrer muito com esse baque econômico. A economia já está muito ruim e, com essa tragédia toda, vai piorar". Com mais dificuldades para as lojas, ela teme pelos trabalhadores que, como ela, dependem dos empregos, e faz um apelo. "Tem que ter o socorro para os empresários manterem as lojas abertas e as pessoas continuarem trabalhando. Só aqui são dez empregados. Se (a loja) fechar, são dez pessoas na rua".Casa São Luiz arrecada doações na sede do Caju
A Casa São Luiz, instituição de longa permanência para idosos, iniciou uma campanha para arrecadação de galões ou packs de água a serem enviados para a população atingida pelas chuvas torrenciais no município de Petrópolis, Região Serrana do Rio de Janeiro. As doações podem ser feitas até a próxima terça-feira, às 19h, na sede da instituição ou por PIX chave - CNPJ - 33.638.883/0001-19. A Casa São Luiz fica localizada na Rua General Gurjão, Nº 533, Caju, Zona Portuária do Rio.