O Departamento de Estado norte-americano formalizou uma política que obriga candidatos a vistos de estudo a manterem suas redes sociais públicas e livres de conteúdos considerados hostis ao país.
Por Redação, com agências internacionais – de Washington
Estudar nos Estados Unidos continua sendo o sonho de muitos jovens ao redor do mundo. Porém, a partir de agora, esse objetivo exigirá ainda mais cuidado, especialmente com os detalhes relacionados à presença digital.

O Departamento de Estado norte-americano formalizou uma política que obriga candidatos a vistos de estudo a manterem suas redes sociais públicas e livres de conteúdos considerados hostis ao país.
A nova diretriz, que já era aplicada informalmente desde a administração Trump, ganhou força nos últimos meses e promete transformar a forma como estudantes internacionais se preparam para as entrevistas consulares. A exigência vem sendo criticada por organizações de direitos civis, mas reforça o endurecimento das políticas migratórias e de segurança nacional.
Redes sociais na mira dos consulados
A exigência atinge especialmente os vistos F, M e J, voltados para estudantes universitários, cursos técnicos e programas de intercâmbio. Candidatos agora precisam manter perfis públicos e fornecer identificadores de redes utilizadas nos últimos cinco anos.
Oficiais consulares estão treinados para vasculhar publicações, comentários e interações em busca de indícios de hostilidade, como críticas ao governo americano, apoio a grupos radicais ou discurso de ódio. Até mesmo referências políticas ou religiosas podem pesar contra o candidato.
O que os EUA consideram “hostilidade”?
De acordo com documentos internos, a análise busca identificar conteúdos que coloquem em dúvida a “compatibilidade do candidato com a segurança e os valores americanos”. Isso inclui postagens antissemitas, radicais, ofensivas a minorias ou críticas ásperas às políticas externas dos EUA.
Além das redes tradicionais como Facebook, Instagram e X (antigo Twitter), a investigação também cobre fóruns de discussão, canais de vídeo e até plataformas menos populares, com o apoio de softwares automatizados e bases de dados privadas.
Impacto sobre privacidade e liberdade de expressão
A política já desperta críticas severas de especialistas e organizações de direitos humanos, que a classificam como vigilância ideológica. Para eles, a subjetividade das interpretações abre espaço para decisões enviesadas e pode inibir manifestações legítimas de opinião.
– Não existe liberdade sem responsabilidade e sem controle – declarou o deputado francês Éric Bothorel em episódio similar na França, ecoando uma preocupação internacional sobre os limites entre segurança e privacidade.
Tendência de endurecimento migratório
A nova regra é apenas mais um exemplo da guinada das políticas americanas para maior vigilância digital. Desde o primeiro mandato de Donald Trump, os Estados Unidos reforçaram mecanismos de controle migratório, como o banimento de imigrantes de determinados países e restrições econômicas a estrangeiros.
Essa linha dura voltou a ganhar fôlego no atual cenário político, em meio a tensões internacionais e disputas comerciais. Medidas recentes, como o aumento das tarifas sobre produtos brasileiros e a proposta de dividir o TikTok, mostram um país mais cauteloso e isolacionista.
Riscos para a educação internacional
Universidades e organizações ligadas à educação temem que essa política desestimule estudantes estrangeiros a escolher os EUA como destino. A percepção de um ambiente hostil e invasivo pode levar jovens talentos a preferirem países com regras mais claras e menos intrusivas, como Canadá, Austrália ou alguns países europeus.
Com isso, os EUA correm o risco de perder competitividade acadêmica e cultural, enfraquecendo a diversidade que historicamente foi um dos pilares de sua excelência educacional.
Recomendações para candidatos
Para quem já está em processo de solicitação de visto, a principal orientação é revisar suas redes sociais antes da entrevista consular. O ideal é evitar publicações que possam ser interpretadas como polêmicas, ofensivas ou contrárias às políticas americanas.
Também é essencial garantir que os perfis fiquem em modo público, como exige a diretriz. A omissão deliberada de informações ou identificadores pode ser interpretada como má-fé e resultar em negação do visto.
Vale lembrar que não há um canal formal de recurso para quem for barrado por conta das redes sociais.