Rio de Janeiro, 17 de Junho de 2025

Até Villas Bôas ridiculariza STF por reação tardia à nota conspiratória

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Terça, 16 de Fevereiro de 2021 às 12:25, por: CdB

O general Villas Bôas afirmou, em um livro recém-lançado, que a nota à época foi planejada com o Alto Comando das Forças Armadas e o objetivo da mensagem era exatamente pressionar para que o STF retirasse o ex-presidente Lula da corrida eleitoral.

Por Redação - de Brasília

Autor da nota ameaçadora às instituições democráticas brasileiras que pressionou o Supremo Tribunal Federal (STF) a prender o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e, assim, alterar dramaticamente o panorama político brasileiro em favor do atual presidente, Jair Bolsonaro (sem partido), o ex-comandante do Exército Eduardo Villas Bôas reagiu, nesta terça-feira, à manifestação tardia do ministro da Corte Edson Fachin. Em uma rede social, o general ridicularizou o fato de o ministro subir o tom agora, e não há três anos quando da nota conspiratória: "Três anos depois", escreveu o general.

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O general Villas Bôas, mais uma vez, leva o Supremo Tribunal Federal (STF) a uma posição ridícula

O general Villas Bôas afirmou, em um livro recém-lançado, que a nota à época foi planejada com o Alto Comando das Forças Armadas e o objetivo da mensagem era exatamente pressionar para que o STF retirasse o ex-presidente Lula da corrida eleitoral.

"Nessa situação que vive o Brasil, resta perguntar às instituições e ao povo quem realmente está pensando no bem do país e das gerações futuras e quem está preocupado apenas com interesses pessoais?", escreveu Villas Bôas na ocasião, um dia antes da Corte julgar um habeas corpus ajuizado pelo petista, o chefe militar primeiro tuitou que a Força compartilhava "o anseio de todos os cidadãos de bem". Em seguida, divulgou nova mensagem citando as instituições, em tom ainda mais conspiratório.

Defesa de Lula

Na época, o texto chegou a ser interpretado como ameaça de golpe, caso Lula fosse libertado. Em um processo que hoje se constata cheio de irregularidades, o ex-presidente cumpria pena estabelecida pelo juiz Sérgio Moro, no processo do triplex do Guarujá. Sua libertação poderia ter influência na campanha eleitoral. A disputa foi vencida, no segundo turno, por Jair Bolsonaro, derrotando o petista Fernando Haddad. Após a confissão, no livro "General Villas Bôas: conversa com o Comandante", de Celso de Castro - ser divulgada à larga na mídia brasileira, passados três anos e algumas horas, Fachin publicou uma nota, na véspera, em que condena a ação golpista dos militares.

"Anoto ser intolerável e inaceitável qualquer forma ou modo de pressão injurídica sobre o Poder Judiciário", afirmou o Fachin. "A declaração de tal intuito, se confirmado, é gravíssima e atenta contra a ordem constitucional. E ao Supremo Tribunal Federal compete a guarda da Constituição", afirmou o ministro que, em 2018, era relator do pedido apresentado pela defesa de Lula, que acabou sendo negado pelo plenário do STF pelo escore apertado de 6 a 5.

A nota de Fachin causou, ainda, algumas reações junto aos parlamentares bolsonaristas e também entre os opositores do governo. Enquanto a base aliada discordava da subida de tom contra os militares, os oposicionistas reclamavam da demora até o ministro se pronunciar sobre o caso. Fachin é o relator dos casos relacionados à Lava Jato, no STF.

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