A Venezuela anunciou a "abertura comercial" de sua fronteira com a Colômbia, dois anos após a crise política e diplomática causada por uma tentativa fracassada da oposição de trazer ajuda humanitária aos venezuelanos.
Por Redação, com DW - de Caracas
A Venezuela vai reabrir sua fronteira com a Colômbia, disse a vice-presidente venezuelana Delcy Rodriguez em um discurso na televisão estatal na segunda-feira. Ao mesmo tempo, o presidente colombiano, Ivan Duque, disse em uma declaração que seu país estava disposto a iniciar "um processo ordeiro" para se abrir.
Ponte Internacional Simon Bolívar, na fronteira entre Venezuela e Colômbia, estava interditada desde 2019
Em fevereiro de 2019, o regime de Nicolás Maduro ordenou o bloqueio da ponte internacional Simón Bolívar, que liga o país à Colômbia, assim como outras passagens de fronteira com esse país, devido a uma tentativa fracassada da oposição venezuelana de trazer ajuda humanitária, que o presidente Nicolás Maduro viu como uma tentativa de "invasão" estrangeira.
O trânsito regular já havia sido restringido desde 2015 por decisão de Maduro, que denunciou naquela ocasião uma "emboscada" de soldados venezuelanos. A partir de então, somente os pedestres podiam passar, mas em fevereiro de 2019 o bloqueio foi estendido, com a colocação de contêineres nas pontes que ligam os dois países.
– A partir de amanhã, estaremos abrindo o comércio entre nossos países – disse a vice-presidente Delcy Rodríguez nesta segunda-feira. Antes disso, os contêineres que bloqueavam a ponte Simón Bolívar no estado de Táchira, principal passagem de fronteira entre a Venezuela e a Colômbia, foram removidos e o tráfego de pedestres começou a fluir, disse um repórter da agência de notícias AFP.
– Viemos aqui e ficamos realmente surpresos – disse Alexis Contreras, de 42 anos, que estava caminhando de Cúcuta até a cidade venezuelana de San Antonio del Tachira. "Estávamos pensando em como passar pela trilha", acrescentou ele, referindo-se às passagens irregulares pelas quais a maioria das pessoas estava passando.
Trânsito de carga só após avaliação técnica
O portal Migración, do ministério colombiano do Exterior, esclareceu em uma declaração que "a passagem de veículos de carga através da ponte internacional ocorrerá após validações técnicas (...) relativas à estabilidade da estrutura da ponte".
Venezuela e Colômbia compartilham uma fronteira de mais de 2 mil quilômetros. Os contêineres, acompanhados por uma forte presença militar, haviam sido colocados em meio a um impasse sobre a entrada de alimentos e suprimentos médicos gerenciados pelo líder da oposição Juan Guaidó, que foi reconhecido como presidente interino da Venezuela por mais de 50 países, incluindo os Estados Unidos e a Colômbia.
Maduro, que rompeu relações diplomáticas com Bogotá por causa do reconhecimento de Guaidó pela Colômbia naquele dia, ordenou o fechamento da fronteira com o argumento de que as doações eram um pretexto para uma "invasão" americana.
O bloqueio impediu a entrada de remessas de Cúcuta em 23 de fevereiro de 2019, levando a violentos tumultos do lado venezuelano. A crise na Venezuela provocou a uma onda de emigração, com pessoas procurando refúgio em países vizinhos.
Segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) mais de 5 milhões de pessoas fugiram do país por causa da insegurança política, violência, falta de alimentos e remédios e serviços básicos.