Em um encontro na cidade de Itu, no interior paulista, Costa Neto admitiu que “houve um planejamento de golpe” e que “o Supremo decidiu (condenar Bolsonaro), temos que respeitar”.
Por Redação – de Brasília
O impacto de uma pena de 27 anos e três meses, em regime fechado, para o ex-mandatário neofascista Jair Bolsonaro (PL) tem sido percebido, ao longo dos últimos dias, no ambiente de confusão e desencontros que passou a ser observado nas hostes da extrema direita. A começar pelas declarações do presidente da legenda bolsonarista, Valdemar da Costa Neto, em um encontro no fim de semana em que admitiu, literalmente, a existência de um planejamento para o golpe de Estado fracassado no 8 de Janeiro.

Em um encontro na cidade de Itu, no interior paulista, Costa Neto admitiu que “houve um planejamento de golpe” e que “o Supremo decidiu (condenar Bolsonaro), temos que respeitar”. A declaração promoveu o impacto de alguns megatons nos argumentos usados pela defesa de Bolsonaro e acentuou a crise interna que divide os radicais de direita. Ainda em seu discurso, Costa Neto disse que o Supremo Tribunal Federal (STF) estaria atuando com firmeza porque conta com o respaldo do governo de Luiz Inácio Lula da Silva e argumenta que “nunca teve o golpe, efetivamente”.
Na base
A repercussão da fala de Costa Neto, nesta manhã, denotavam o ambiente de derrota que se espalha, rapidamente, entre os seguidores do ex-presidente. A começar pelo neto do ditador João Figueiredo. Sócio do filho ’03’, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL), na articulação da campanha por sanções dos EUA contra o Brasil, Paulo Figueiredo comentou nas redes sociais:
“Como eu digo: não estamos nesta m*** de dar gosto à toa”.
E Fabio Wajngarten, advogado e ex-chefe da comunicação de Bolsonaro, foi direto ao ponto: “Não é possível mais ouvirmos e nos calarmos. Chega”, disparou, em uma rede social.
‘Centrão’
Analistas políticos atentos aos fatos têm dito, nos bastidores, que o discurso de Costa Neto reflete o posicionamento de líderes do chamado ‘Centrão’, diante da pena que Bolsonaro começará a cumprir, provavelmente, a partir de novembro. O líder da extrema direita tem se transformado, rapidamente, em uma figura tóxica para o eleitorado de centro que define, em última análise, o resultado das próximas eleições presidenciais.
Quanto mais tempo passa, maior é o desgaste e, dificilmente, Bolsonaro antecipará a escolha de um candidato, repetindo a estratégia de Lula em 2018, quando deixou a definição para a reta final da disputa. O temor é que essa indefinição atrapalhe a construção de uma candidatura competitiva dentro do campo da direita.
Nessa direção, o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) tem atuado para “cancelar” o ex-presidente, ao divulgar em suas redes sociais que, sem a imagem de Bolsonaro, ele consegue mobilizar uma campanha em pouco tempo e fazer com que grandes empresas se manifestem e influenciem as redes sociais e parte da imprensa em favor de uma candidatura de direita, desde que não tenha a imagem de Bolsonaro.