Segunda, 12 de Setembro de 2022 às 14:47, por: CdB
Segundo a nota do TSE, os militares não terão "acesso diferenciado em tempo real" à apuração dos votos. Da mesma forma como em eleições anteriores, os militares ou qualquer outro brasileiro poderão fiscalizar a contagem dos votos por meio dos boletins de urna (BUs), disponibilizados ao final da votação, esclareceu o TSE.
Por Redação - de Brasília
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) negou em nota pública, na manhã desta segunda-feira, que o ministro Alexandre de Moraes, presidente da Corte, tenha feito qualquer tipo de acordo para que as Forças Armadas venham a realizar uma apuração paralela dos votos depositados nas urnas eletrônicas, durante a eleição deste ano. A informação foi divulgada na manchete da atual edição do diário conservador paulistano Folha de S. Paulo (FSP).
O ministro Alexandre de Moraes é o relator dos processos contra o presidente Bolsonaro (PL)
Segundo a nota do TSE, os militares não terão "acesso diferenciado em tempo real" à apuração dos votos. Da mesma forma como em eleições anteriores, os militares ou qualquer outro brasileiro poderão fiscalizar a contagem dos votos por meio dos boletins de urna (BUs), disponibilizados ao final da votação, esclareceu o TSE. A única novidade será no acesso aos BUs, que poderão ser visualizados também pela internet.
"O TSE reitera informação amplamente divulgada em junho passado sobre a contagem de votos, a partir da somatória dos Boletins de Urna (BUs), ser possível há várias eleições e que para o pleito deste ano, foi implementada a novidade de publicação dos boletins de urnas pela rede mundial de computadores, após o encerramento da votação para acesso amplo e irrestrito de todas as entidades fiscalizadoras e do público em geral", afirmou o TSE, em nota.
Segurança
Parte dos militares, entre eles o ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, aderiram ao discurso do presidente Jair Bolsonaro (PL) contra as urnas eletrônicas, que o mandatário diz não serem seguras. Candidato à reeleição e segundo colocado em todas as pesquisas de intenções de voto, que mostram a liderança do ex-presidente Lula (PT), Bolsonaro vem há meses questionando a segurança das urnas, que ele defendeu com ênfase em 1993, quando o sistema nascia.
De acordo com a reportagem da FSP, Moraes teria fechado um acordo com os militares em reunião no dia 31 de agosto para liberar às entidades fiscalizadoras os arquivos brutos da totalização enviados pelos tribunais regionais. Com a concessão de Moraes, os militares teriam acesso, em tempo real, aos dados enviados para a totalização, eliminando a coleta das informações na base de dados do TSE pela internet, diz o jornal. Mas nada disso é verdade.
Ainda de acordo com o jornal, os militares teriam acesso a seções eleitorais espalhadas pelo país para tirar e enviar fotos do QR Code dos boletins de urna para o Comando de Defesa Cibernética do Exército, em Brasília, que faria um trabalho paralelo de contagem dos votos. A conferência, disseram as fontes ouvidas para reportagem, seria feita com 385 boletins de urna —amostragem que, pelas contas dos técnicos, garantiria 95% de confiabilidade. Outra informação que também não se sustenta.
Totalização
O resultado dos boletins de cada urna, conforme previsto nos planos do Tribunal, será conferido com os dados enviados pelos Tribunais Regionais Eleitorais (TREs) para o TSE. A conferência da totalização dos votos é uma das fases da fiscalização do processo eleitoral definidas pela autoridade eleitoral do país. Em resolução, a corte permite o envio das imagens dos boletins de urnas após a conclusão da totalização dos votos.
A expectativa dos militares ouvidos pela FSP seria que, na mesma noite em que o resultado for proclamado, já houvesse também uma conclusão da análise das Forças Armadas, diz a reportagem.
“Após as manifestações no Bicentenário da Independência, a avaliação dos militares é que Bolsonaro conseguiu conter os ataques e evitou prejuízos ao trabalho de aproximação entre o Ministério da Defesa e o TSE”, encerra a FSP, ainda distante da realidade.