Rio de Janeiro, 16 de Junho de 2025

Tribunal de Mianmar rejeita recurso de jornalistas da Reuters presos

Arquivado em:
Sexta, 11 de Janeiro de 2019 às 08:15, por: CdB

Durante os argumentos do recurso, apresentados no mês passado, os advogados de defesa citaram evidências de uma armação policial e a falta de provas do crime.

Por Redação, com Reuters - de Yangon

Um tribunal de Mianmar rejeitou nesta sexta-feira recurso de dois repórteres da agência inglesa de notícias Reuters condenados a 7 anos de prisão por violação da Lei de Segredos Oficiais do país, dizendo que a defesa não forneceu evidências suficientes para mostrar que eles são inocentes.
jornalistas.jpg
Pan Ei Mon e Chit Su Win, mulheres dos repórteres da Reuters Wa Lone e Kyaw Soe Oo, concedem entrevista em Yangon
Wa Lone, de 32 anos, e Kyaw Soe Oo, de 28, foram condenados em setembro do ano passado em um caso histórico que tem posto em dúvida o avanço democrático em Mianmar e desencadeado indignação de diplomatas e ativistas de direitos humanos. – Foi uma punição adequada – disse o juiz Aung Naing, em referência à sentença de 7 anos de prisão imposta pela instância inferior. A defesa ainda tem a opção de recorrer à Suprema Corte do país, na capital Naypyitaw. – A decisão desta sexta-feira é mais uma injustiça, entre muitas, infligidas a Wa Lone e Kyaw Soe Oo. Eles permanecem atrás das grades por uma razão: os que estão no poder tentaram silenciar a verdade – disse o editor-chefe da Reuters, Stephen J. Adler, em comunicado. – Fazer reportagens não é um crime e, até que Mianmar corrija esse terrível erro, a imprensa em Mianmar não está livre e o compromisso de Mianmar com o Estado de direito e com a democracia permanece em dúvida. Durante os argumentos do recurso, apresentados no mês passado, os advogados de defesa citaram evidências de uma armação policial e a falta de provas do crime. Eles disseram ao tribunal de apelações que a instância inferior havia incorretamente colocado o ônus de prova nos réus.

A defesa

A defesa também afirmou que os procuradores não conseguiram provar que os repórteres coletaram informações confidenciais, enviaram dados a um inimigo de Mianmar ou que tinham a intenção de prejudicar a segurança nacional. Khine Khine Soe, autoridade legal representante do governo, disse em audiência no mês passado que as evidências provam que os repórteres coletaram e mantiveram documentos confidenciais. Ela disse que os jornalistas tinham o objetivo de comprometer a segurança e o interesse nacional. Nesta sexta-feira, o juiz disse que “não é aceitável” dizer que os réus agiram de acordo com a ética jornalística. “Não pode ser dito que foi uma armação”, disse. O advogado de defesa Than Zaw Aung, falando após a decisão, disse que sua equipe discutirá com os dois repórteres a opção de recorrer à Suprema Corte. “Estamos muito decepcionados com o julgamento”, disse. Antes de serem presos, os repórteres estavam trabalhando em uma investigação da Reuters sobre o assassinato de 10 muçulmanos rohingyas por forças de segurança de Mianmar e civis budistas no Estado de Rakhine, durante uma campanha de repressão militar que começou em agosto de 2017. A operação fez com que mais de 730 mil rohingyas fugissem para Bangladesh, de acordo com estimativas da ONU.
Edições digital e impressa
 
 

 

 

Jornal Correio do Brasil - 2025

 

Utilizamos cookies e outras tecnologias. Ao continuar navegando você concorda com nossa política de privacidade.

Concordo