Em 19 de junho, o subprocurador-geral do Ministério Público de Contas, Lucas Rocha Furtado, pediu a abertura de investigação sobre eventual superfaturamento na fabricação e compra da substância cloroquina por laboratório do Exército Brasileiro.
Por Redação - de Brasília
O provável superfaturamento na compra de insumos para a produção da substância cloroquina pelo laboratório do Exército, investigado pelo Tribunal de Contas da União (TCU), foi justificado como medida para evitar um “dano irreparável à saúde pública”. E a “esperança a milhões de corações aflitos com o avanço e os impactos da doença no Brasil e no mundo” seria o suficiente para a negociação imediata das matérias primas acima do preço de mercado, embora houvesse estoques no Brasil.
O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro faz propaganda da cloroquina, uma substância descartada no tratamento da pandemia
É o que mostra cópia de ofício do Exército enviado ao TCU em 31 de julho e revelado nesta terça-feira. Em 19 de junho, o subprocurador-geral do Ministério Público de Contas, Lucas Rocha Furtado, pediu a abertura de investigação sobre eventual superfaturamento na fabricação de cloroquina pelo Exército Brasileiro.
Ineficácia
O MP pediu ao Tribunal investigação e avaliação da gestão de risco envolvida na decisão de pagar mais caro nas matérias primas, e também apuração da responsabilidade direta do presidente Jair Bolsonaro na orientação e determinação para ampliar a produção de cloroquina, cujo uso ele defende com ênfase.
O subprocurador levou em consideração reportagem do diário conservador paulistano Folha de S. Paulo apontando que o governo pagou quase seis vezes mais pelos insumos do que havia pago um ano antes. E outra, na revista semanal Época, do Grupo Globo, relatando que o Comando do Exército aumentou em 84 vezes a compra da cloroquina, em comparação ao mesmo período nos anos de 2017 a 2019.
Respostas
Não há comprovação científica dos benefícios do medicamento no tratamento da covid-19. No entanto, muitos estudos apontam que o uso está associado à piora do estado de saúde do paciente. A questão também é apresentada, de maneira clara, no próprio ofício do Exército.
A cópia do documento foi compartilhada nesta manhã pelo jornalista Luiz Fernando Toledo, cofundador da agência de dados públicos Fiquem Sabendo, que há algum tempo insistia no acesso às respostas dadas ao TCU.