Após reunião em Brasília com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e os comandantes das Forças Armadas, na véspera, Múcio reforçou a vigilância permanente na região, e destacou o caráter pacífico do Brasil.
Por Redação – de Brasília
O ministro da Defesa, José Múcio, expressou preocupação com a possibilidade de a fronteira entre Brasil e Venezuela se tornar “uma trincheira”, em meio a tensões recentes provocadas por uma operação militar dos Estados Unidos em águas próximas ao país vizinho.
Após reunião em Brasília com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e os comandantes das Forças Armadas, na véspera, Múcio reforçou a vigilância permanente na região, e destacou o caráter pacífico do Brasil.
— Estamos preocupados com a nossa fronteira, para que não transformem a nossa fronteira em uma trincheira. O Brasil é um país pacífico — afirmou o ministro.
Briga de vizinho
Múcio comparou a situação diplomática a uma disputa entre vizinhos.
— Isso é como briga de vizinho. Eu não quero que mexam no meu muro, não quero que tirem a fiação da frente da casa, que não mexam na minha casa. Torcemos para que passe — acrescentou.
A manifestação do ministro ocorre logo após uma ofensiva dos EUA no Caribe, que resultou na morte de 11 supostos narcotraficantes ligados ao cartel ‘Tren de Aragua’, conforme anunciado pela Casa Branca. O governo venezuelano contestou o episódio, alegando que o vídeo era gerado por Inteligência Artificial (IA).
Apesar das pressões externas e da escalada militar na região, o governo brasileiro busca manter um perfil cauteloso, ressaltando sua disposição para manter a ordem sem se envolver diretamente em confrontos transfronteiriços. Lula disse, na tarde passada, que o Brasil não tem conflito com nenhum país no mundo e continuará defendendo a paz.
— Brasil vai ficar do lado que sempre teve, do lado da paz. Brasil é um país que não tem contencioso internacional, nem queremos contencioso internacional. Se tem divergência entre duas nações, não tem coisa melhor, mais barata do que sentar numa mesa de negociação e conversar. Então o país ficará do lado da paz outra vez — disse Lula.
Intromissão
Ao comentar o tarifaço imposto ao Brasil pelos Estados Unidos, Lula afirmou que o presidente Donald Trump não é “dono” do país e que “cada um dá palpite no seu quintal”.
— A carta do Trump se intromete no poder Judiciário Brasileiro, se intromete na soberania brasileira, se intromete na legislação brasileira. Isso não existe em nenhum lugar do mundo. Cada um dá palpite no seu quintal, cuida do seu galinheiro. O nosso nós cuidamos — pontuou.
O chefe do Executivo brasileiro afirmou, por fim, estar claro que a taxação imposta ao país é política e não comercial. Em carta endereçada a Lula, Trump cita o processo de golpe de Estado em que Jair Bolsonaro (PL) é réu no Supremo Tribunal Federal (STF).