Rio de Janeiro, 25 de Junho de 2025

Sob regime neofascista, negócios com a China perdem consistência

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Segunda, 14 de Fevereiro de 2022 às 11:04, por: CdB

No início da pandemia, seu filho ’03’, como é conhecido o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), falava do “vírus chinês”. No ano passado, sem mencionar o nome da China, o chefe do Executivo brasileiro levantou a suspeita de que a covid-19 poderia ser uma “guerra química”.

Por Redação - de São Paulo
As relações entre o Brasil e a China nunca foram fáceis. Estiveram melhores, durante o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas sob a gestão do mandatário neofascista Jair Bolsonaro (PL), nunca foram tão ruins. Embora o atual mandatário diga, oficialmente, que os interesses entre os dois países está alinhado, não perde uma oportunidade para criticar a China, com o eco dos integrantes de sua família.
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O embaixador da China no Brasil, Jin Hongjun, respondeu em nota ao deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP)
No início da pandemia, seu filho ’03’, como é conhecido o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), falava do “vírus chinês”. No ano passado, sem mencionar o nome da China, o chefe do Executivo brasileiro levantou a suspeita de que a covid-19 poderia ser uma “guerra química”. A China, por sua vez, embora pareça interessada em negociar com o Brasil, mas está cada vez mais cautelosa em investir no país.

Carne bovina

O discurso de ódio do presidente não passou despercebido pelas autoridades chinesas. Em 2020, Li Yang, cônsul-geral da China no Rio de Janeiro, escreveu um artigo de opinião para o diário conservador carioca O Globo, no qual respondeu de forma contundente aos comentários de ’03'. CEO da Sinovac Biotech, empresa chinesa que fornece vacinas contra a covid-19 para o Brasil, Weidong Yin foi citado pela agência inglesa de notícias Reuters por dizer a diplomatas que os comentários do presidente brasileiro impedem uma relação “fluida e positiva”. Descontente com o relacionamento conturbado com o Brasil, a China tem feito demonstrações de seu peso na balança comercial entre os dois países. Em novembro do ano passado, as exportações brasileiras de carne bovina foram praticamente suspensas quando a China impôs uma proibição de três meses, após dois registros de casos suspeitos da doença conhecida como “vaca-louca” em dois Estados no Sul e Centro-Oeste. O valor das exportações de carne bovina despencou e a proibição custou cerca de US$ 2 bilhões em vendas. Analistas econômicos consideraram o embargo longo demais. Mas os chineses são pragmáticos. Apesar dos ataques do governo brasileiro, o comércio entre as nações tem prosperado.

Eleições

Em 2021, a China comprou mais de 30% das exportações de commodities do Brasil, ante menos de 20% nos cinco anos anteriores. A maior parte foi de soja, petróleo bruto e minério de ferro, mas os envios de carne e outros bens de maior valor também cresceram nos últimos anos, principalmente desde que a guerra comercial entre os Estados Unidos e a China começou em 2017. Ainda assim, outros laços econômicos entre Brasil e China tem se enfraquecido. O investimento da China no Brasil atingiu o pico em 2010, segundo o Conselho Empresarial China-Brasil (CEBC). Naquele ano, a China investiu US$ 13 bilhões em 12 projetos.  O CEBC estima que, no ano passado, a China tenha investido apenas cerca de US$ 4 bilhões. As relações entre os dois países, no entanto, está novamente perto de um ponto de virada. Com a eleição presidencial em outubro próximo, uma possível vitória do petista Luiz Inácio Lula da Silva (PT) poderá determinar um novo início para as negociações bilaterais.
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