O levantamento também aponta que o número de mortes decorrentes de intervenção policial subiu 34,4% no Estado fluminense no mesmo intervalo.
Por Redação, com Agenda do Poder – do Rio de Janeiro
Enquanto o cenário nacional de violência envolvendo agentes de segurança e civis permanece estável no Brasil, o Rio de Janeiro apresenta um preocupante aumento nesses indicadores, informa reportagem do diário conservador carioca O Globo. Segundo dados divulgados pelo Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública (Sinesp), do Ministério da Justiça, 71 policiais foram mortos em serviço nos quatro primeiros meses deste ano em todo o Brasil, apenas um a mais que no mesmo período de 2024. No entanto, 37 desses casos ocorreram no Rio, o que representa mais da metade do total e um crescimento de 106% em relação ao ano passado.

O levantamento também aponta que o número de mortes decorrentes de intervenção policial subiu 34,4% no Estado fluminense no mesmo intervalo. De janeiro a abril de 2024, foram 212 casos; neste ano, o número chegou a 285. Em contraste, no Brasil como um todo houve uma leve queda de 0,3% nessas ocorrências, passando de 2.149 para 2.143. O estado de São Paulo, por exemplo, registrou uma redução de 11,4%.
Aumento da letalidade policial
O aumento da letalidade policial no Rio tem motivado protestos e manifestações de familiares de vítimas. Na quarta-feira, mães, pais e amigos de pessoas mortas por agentes do Estado fizeram um ato diante da sede do Ministério Público do Rio, no Centro. Com cartazes e fotos de Herus Guimarães Mendes, de 24 anos, os manifestantes cobraram agilidade nas investigações sobre a morte do jovem, atingido por um tiro no abdômen durante operação do Batalhão de Operações Especiais (Bope) no Morro Santo Amaro, no Catete.
— A gente não quer que o Herus seja mais um. Como vamos fazer daqui para frente? Como trabalhar para que isso não aconteça mais? — disse Lucas Pessoa, amigo da vítima, em entrevista ao telejornal RJ1, da TV Globo.
De acordo com reportagem do telejornal RJ2, o sargento Daniel Sousa da Silva, do Bope, prestou depoimento à Polícia Civil e afirmou ter sido o único de sua equipe a efetuar disparos na madrugada da operação. Segundo o relato, ele reagiu após ter sido alvo de tiros por parte de traficantes e estava na linha de frente da incursão. O sargento afirmou ter disparado 13 vezes inicialmente e, em seguida, mais sete, com um fuzil calibre 5.56. A bala retirada do corpo de Herus será periciada para verificar se partiu da arma usada pelo agente.
A Polícia Militar informou que a operação foi realizada após denúncia sobre a presença de homens armados na comunidade. No momento da ação, moradores organizavam uma festa junina no local. Além da morte de Herus, outras quatro pessoas que participavam do evento ficaram feridas.
As investigações seguem em andamento, enquanto a sociedade civil reforça o apelo por mais transparência, controle e responsabilização nas ações das forças de segurança.