Rio de Janeiro, 08 de Setembro de 2025

Relatório aponta ligação entre TH Joias e fornecedor de armas do PCC

Arquivado em:
Segunda, 08 de Setembro de 2025 às 11:09, por: CdB

Documento de 2023 revelou compras de fuzis com empresa ligada a intermediário preso no Paraguai e mostrou planos de lançar traficante como candidato a vereador em Duque de Caxias.

Por Redação, com Agenda do Poder – do Rio de Janeiro

Um relatório da Polícia Federal de São Paulo, elaborado em 2023, foi decisivo para as investigações que culminaram na prisão de Gabriel Dias de Oliveira, o Índio do Lixão, e do ex-deputado Thiego Raimundo dos Santos Silva, o TH Jóias, na última quarta-feira. O documento, enviado à Superintendência da PF no Rio, mostrou que Índio adquiriu fuzis para o Comando Vermelho (CV) de um mesmo fornecedor que já abastecia o Primeiro Comando da Capital (PCC). As informaçõe são do portal Extra.

Relatório aponta ligação entre TH Joias e fornecedor de armas do PCC | PF identifica conexão entre TH Joias e armamento do PCC
PF identifica conexão entre TH Joias e armamento do PCC

A fornecedora identificada é a empresa DDM Aviação Ltda., que recebeu quase R$ 200 mil em maio de 2022. De acordo com a PF, a companhia é ligada a Angel Antonio Flecha Barrios, considerado um dos principais intermediários de facções no tráfico internacional de armas. Ele foi preso no Paraguai em fevereiro de 2023.

Intermediação e morte misteriosa

As compras eram intermediadas por Fhillip da Silva Gregório, o Professor, ex-chefe do tráfico no Complexo do Alemão. Apontado como elo entre criminosos e fornecedores, ele também era alvo da PF, mas acabou encontrado morto em junho de 2023, com um tiro na têmpora. O caso é investigado pela Polícia Civil do Rio.

Segundo o relatório, em 3 de maio de 2022, Índio adquiriu dois fuzis por R$ 97,3 mil, pagos em 61 depósitos. Quinze dias depois, em 18 de maio, comprou mais dois fuzis AR-10 por R$ 95,4 mil, em 29 transferências bancárias. A defesa da DDM Aviação Ltda. não foi localizada pela reportagem.

Da Europa ao Paraguai: o esquema internacional

As informações coletadas pela PF serviram de base para a Operação Dakovo, que prendeu Angel Flecha no Paraguai e revelou um esquema de importação ilegal de armas de diversos calibres vindas da Europa e da Turquia. De acordo com a investigação, ao menos 43 mil armas chegaram ao Brasil por meio desse esquema.

A apuração começou em 2020, após a apreensão de pistolas e munições em Vitória da Conquista, na Bahia, e revelou como facções brasileiras se beneficiavam de uma rede transnacional de fornecedores.

O projeto político do tráfico

Além do tráfico de armas, a investigação revelou planos políticos envolvendo o CV. A Polícia Federal do Rio descobriu que traficantes ligados a TH Jóias pretendiam lançar Índio como candidato a vereador em Duque de Caxias, seu reduto na Baixada Fluminense.

Em mensagens interceptadas, Luiz Eduardo Cunha Gonçalves, o Dudu, ex-assessor de TH na Alerj, contou a Índio que discutira o assunto com o ex-deputado e com Alessandro Pitombeira Carracena, ex-subsecretário estadual de Defesa do Consumidor e integrante do núcleo político da facção.

Índio ganhou notoriedade como chefe do tráfico na Favela do Lixão, em Duque de Caxias. Preso em 2015, retomou a atividade criminosa após deixar a prisão e passou a atuar no Complexo do Alemão, onde se tornou homem de confiança de Luciano Martiniano da Silva, o Pezão, apontado como líder do CV na região.

Dudu e Carracena também foram presos na operação de quarta-feira, junto com o delegado federal Gustavo Stteel, então de plantão no Aeroporto do Galeão, e três policiais militares.

Laços com Hytalo Santos

A investigação ainda revelou conexões de TH Jóias e Índio com o influenciador digital Hytalo Santos, preso no mês passado por exploração sexual de menores e tráfico de pessoas. Documentos exibidos pelo programa Fantástico mostraram que o trio frequentava festas juntos no Complexo do Alemão e trocava favores.

Em uma conversa obtida pela PF, Hytalo pediu a TH que falasse com Índio para intimidar uma mulher que o criticara em redes sociais. Pouco depois, o próprio influenciador enviou mensagem direta ao traficante: “oi, amigo”. Índio acionou então um comparsa conhecido como Bola Bola, que foi até a mulher e a obrigou a apagar as publicações.

Após as ameaças, Hytalo agradeceu a Índio por ter “resolvido” o problema.

Edições digital e impressa
 
 

 

 

Jornal Correio do Brasil - 2025

 

Utilizamos cookies e outras tecnologias. Ao continuar navegando você concorda com nossa política de privacidade.

Concordo