A investigação revelou que os envolvidos atuavam principalmente por plataformas como Discord, onde cometiam estupros virtuais, incitavam mutilações, praticavam tortura psicológica.
Por Redação, com Agenda do Poder – do Rio de Janeiro
Policiais civis do Departamento-Geral de Polícia de Atendimento à Mulher (DGPAM) deflagraram nesta segunda-feira uma operação contra um grupo criminoso suspeito de promover violência extrema contra mulheres por meio de redes digitais.

A investigação revelou que os envolvidos atuavam principalmente por plataformas como Discord, onde cometiam estupros virtuais, incitavam mutilações, praticavam tortura psicológica, disseminavam racismo e discursos misóginos.
Batizada de Operação Abbraccio, a ação é coordenada pela Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, e mobiliza agentes em nove unidades da federação. Além do Rio de Janeiro, os mandados de prisão e busca e apreensão foram cumpridos em São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Bahia, Piauí, Amazonas, Santa Catarina e no Distrito Federal. Ao todo, quatro pessoas foram presas.
A operação teve origem na denúncia de uma mãe à Deam de Duque de Caxias, em abril deste ano. Ela relatou que imagens íntimas da filha estavam circulando ilegalmente na internet. Com o avanço das apurações, os investigadores constataram que o caso não era isolado: tratava-se de uma rede com dezenas de vítimas em diferentes estados.
Segundo os investigadores, as vítimas eram coagidas a realizar atos de automutilação com objetos cortantes, como navalhas, e obrigadas a escrever os nomes dos agressores na própria pele. Além disso, as sessões de abuso eram transmitidas ao vivo em salas virtuais e, em alguns casos, os registros das ações eram posteriormente compartilhados online.
O delegado responsável pelas investigações destacou a crueldade com que os crimes eram praticados. A análise de materiais já apreendidos, aproximadamente 80 mil imagens, vídeos e áudios, permitiu identificar outros envolvidos na rede e a extensão das práticas criminosas.
Evidências digitais
A ação desta segunda-feira teve como foco não apenas efetuar prisões, mas também recolher evidências digitais como celulares, computadores e mídias que possam comprovar os crimes e ajudar a identificar novas vítimas.
A expectativa é de que o volume de material obtido permita ampliar o mapeamento da rede e sustentar futuras denúncias criminais e ações civis.
Até o momento, seis mulheres foram formalmente identificadas como vítimas. No entanto, as autoridades acreditam que esse número possa aumentar nos próximos dias, conforme o conteúdo apreendido seja periciado.
Segundo a Deam, o grupo agia de forma articulada e usava a internet para aliciar vítimas, muitas vezes adolescentes, sob falsas promessas ou ameaças.