O rompimento do chamado ‘Centrão’ com a diretriz básica da administração petista, de acordo com os principais articuladores do PT, leva ao confronto entre as forças conservadoras e progressistas.
Por Redação – de Brasília
Líderes nacionais do PT perceberam que avançou o cerco ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com vistas às eleições de 2026. A derrubada do aumento no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) foi o recado mais claro que os presidentes da Câmara, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Congresso, senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) passaram, no sentido de desestabilizar o governo e minar um possível quarto mandato de Lula.

A anulação do reajuste no IOF — medida que financiaria programas sociais — sem diálogo prévio ou justificativas claras foi vista pelo núcleo político do Planalto, segundo apurou o site brasiliense de notícias Metrópoles, como um ataque direto à política do governo. O rompimento do chamado ‘Centrão’ com a diretriz básica da administração petista, de acordo com os principais articuladores do PT, leva ao confronto entre as forças conservadoras e progressistas.
Vetos
Fontes próximas ao presidente têm dito, nos bastidores, que Lula estaria muito irritado com a condução do Congresso e a derrubada do IOF ultrapassou todos os limites. De acordo com interlocutores do líder petista, “não se senta à mesa para negociar em posição de desvantagem” e, nas próximas semanas, Lula ampliará a reação ao conluio em curso.
Hugo Motta, na véspera da votação, teria enviado um emissário até Lula para apresentar queixas sobre a comunicação do governo logo após o aumento na conta de luz autorizado pelo Congresso, com a derrubada dos vetos que impediriam a elevação da tarifa. E, sem tocar no assunto, pautou a votação em Plenário sobre o IOF, no dia seguinte, pegando de surpresa a base aliada.
Deflagrada a crise entre os dois Poderes, o PT não demorou a reagir e mobilizar a seus aliados na defesa de propostas com forte apelo social. Entre os temas a serem retomados estão a taxação de grandes fortunas, a tributação das casas de apostas (‘bets’) e a responsabilização do ‘Centrão’ pela alta nas contas de energia elétrica. As medidas constam da Medida Provisória (MP) encaminhada pelo governo para compensar a suspensão do aumento do IOF, sob o risco de uma nova derrota, no Parlamento, dentro de 60 dias.
Precedente
O PT planeja, também, judicializar a decisão do Congresso. A avaliação no Planalto é de que a elevação do IOF é prerrogativa exclusiva do Executivo e, portanto, não poderia ser revertida por meio de um Projeto de Decreto Legislativo (PDL). Para os petistas, aceitar essa derrota sem contestação jurídica abriria precedente para que o Parlamento invadisse competências do governo.
Na Câmara, contudo, muitos parlamentares já avaliam que Motta passou dos limites ao pautar a questão do IOF sem um diálogo prévio com o Executivo e recordam que a anulação de um Decreto Presidencial não ocorria desde o governo do então presidente Collor de Mello, há 37 anos.
As legendas que mantêm ministérios no governo também avaliam que a crise atinge, diretamente, a liberação de emendas parlamentares.