A participação estrangeira na posse de Lula acentua o reconhecimento internacional do resultado das eleições brasileiras e condena os seguidos pedidos de ruptura institucional por parte dos apoiadores neofascistas; além de blindar a cerimônia de possíveis tumultos que possam ser praticados por bolsonaristas e militantes da extrema direita.
Por Redação - de Brasília
A presença recorde de chefes de Estado e líderes estrangeiros, na cerimônia de posse do presidente diplomado, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no dia 1º de janeiro, é mais um fator de desarticulação do movimento golpista alimentado pelo presidente em fim de mandato, Jair Bolsonaro (PL). Cerca de 30 presidentes e chefes de governo já confirmaram presença na festa, um número três vezes maior do que o registrado na posse do mandatário que deixa o cargo.
O Itamaraty encaminhou, formalmente, os convites para os presidentes e chefes de Estado de todo o mundo, para a posse de Lula
De acordo com o setor de Protocolo do Itamaraty, nos próximos dias, novos nomes devem ser confirmados. A presença estrangeira ainda conta com líderes africanos, asiáticos e do Oriente Médio.
A participação estrangeira na posse de Lula acentua o reconhecimento internacional do resultado das eleições brasileiras e condena os seguidos pedidos de ruptura institucional por parte dos apoiadores neofascistas; além de blindar a cerimônia de possíveis tumultos que possam ser praticados por bolsonaristas e militantes da extrema direita.
Em retirada
Em linha com as confirmações internacionais à posse do presidente eleito, manifestantes que se amontoam desde o fim de outubro, acampados na Praça dos Cristais, em frente ao Quartel-General do Exército, em Brasília, continuaram o desmonte das barracas iniciado na véspera, conforme noticiouo Correio do Brasil. Em mensagens pelas redes sociais, parte dos manifestantes golpistas afirma que pretende permanecer, mas o fato é que a maioria prefere passar o Natal com a família, em vez de manter os atos de protesto contra a democracia.
Na Capital Federal, as manifestações se iniciaram logo após o resultado das eleições deste ano, em que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi escolhido como o futuro presidente. Assim como em várias partes do país, os atos começaram com o bloqueio de rodovias no entorno da capital. Com a reprovação pela maior parte dos brasileiros, os grupos mudaram de endereço e foram para a frente do Forte Caxias.
O local abrigou milhares de pessoas, sobretudo nas primeiras semanas após o resultado. Com o tempo, o movimento minguou, perdeu força. Fora dos limites do Setor Militar Urbano, onde fica o quartel, também houve manifestações. Uma delas terminou com ônibus e carros incendiados, sem que ninguém fosse preso, até agora.
Golpe do PIX
Não bastasse cantar o hino nacional para um pneu, pedir que extraterrestres interviessem no resultado das eleições e implorar que os militares reeditassem um golpe de Estado, os bolsonaristas acampados em Brasília foram atormentados por golpistas, que subtraíram mais de quase R$ 2 milhões de seus bolsos. Na semana passada, o blogueiro bolsonarista Oswaldo Eustáquio acusou parte dos líderes do acampamento em frente ao ‘Forte Apache’, QG do Exército na Capital Federal, de cometer estelionato e desvio de R$ 1,9 milhão das manifestações antidemocráticas.
A denúncia, durante uma de suas transmissões pelas redes sociais, no entanto, não foi levada às autoridades, segundo apurou a reportagem do CdB. Nenhum dos integrantes do acampamento se dispôs a levar o caso à delegacia de Polícia Civil do Distrito Federal (DF). Eustáquio acusou, frontalmente, outra blogueira bolsonarista, Ana Priscila Azevedo, de ser uma ‘esquerdista infiltrada’ nas manifestações antidemocráticas.
Segundo o militante neofascista, Azevedo e outros líderes arrecadaram doações via PIX e em dinheiro vivo com a justificativa de pagar a estrutura do acampamento e alugar banheiros químicos, mas desviaram os recursos. Mesmo após as denúncias, Ana Priscila, a blogueira acusada de liderar os desvios, ainda não se defendeu publicamente. Em seus perfis nas redes sociais, ela mantém a coleta de recursos pela intervenção militar e divulga links para as doações.