Às dificuldades logísticas, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Edson Fachin, somou a pandemia da covid-19 e “o infeliz espraiamento de outra forma de vírus, com efeitos deletérios sobre a saúde, não das pessoas diretamente, mas da vida democrática nacional”, durante encontro com autoridades internacionais.
Por Redação - de Brasília
Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o jurista Edson Fachin reuniu-se, nesta terça-feira, com embaixadoras e embaixadores estrangeiros, em seu gabinete. Fachin discorreu sobre a segurança das urnas eletrônicas e pediu que a comunidade internacional "esteja alerta contra acusações levianas" em relação ao processo eleitoral brasileiro.
Presidente do TSE, Edson Fachin deixou sua mensagem velada ao presidente Bolsonaro: ‘Não mandoe não receborecado deninguém’
Fachin, contudo, preferiu não citar nominalmente o presidente Jair Bolsonaro (PL), principal disseminador de desinformação sobre as urnas no país.
— A integridade e fidedignidade das eleições brasileiras têm de ser demonstrada não por frases desconexas ou declarações vazias, mas por relatórios fundamentados de especialistas na matéria — disse Fachin.
Planeta
O presidente do TSE ressaltou o permanente entendimento com o Itamaraty, “sobretudo em temas como a realização de eleições para as brasileiras e brasileiros residentes no exterior, favorecendo o êxito de nossas Eleições de outubro”.
— O diálogo democrático de um país, contudo, a rigor não se esgota em suas fronteiras geográficas. Também se manifesta nas suas relações com a comunidade internacional, com os outros Estados que compõem o nosso planeta. É também por essa razão que esta ‘Corte da Democracia’ dá as boas-vindas às Embaixadas e Representações sediadas em Brasília, num espírito genuíno de confraternização e de abertura que procura contribuir para a troca de experiências em matéria eleitoral — cumprimentou.
O ministro, ainda no pronunciamento de abertura do encontro, ressaltou que o propósito da Corte eleitoral “foi o de trazer às senhoras e aos senhores o estado atual dos preparativos para as Eleições Gerais de outubro próximo”.
— É fundamental transmitir aos governos estrangeiros as informações corretas e completas sobre o processo eleitoral que se avizinha. Para um país com as dimensões e características do Brasil, a organização de eleições representa um desafio em si mesmo — acrescentou.
Desinformação
Segundo Fachin, o colégio eleitoral brasileiro é composto por aproximadamente 150 milhões de eleitoras e eleitores, votando em 5,5 mil municípios, muitos deles de acesso complexo. Às dificuldades logísticas, o presidente do Tribunal somou a pandemia da covid-19 e “o infeliz espraiamento de outra forma de vírus, com efeitos deletérios sobre a saúde, não das pessoas diretamente, mas da vida democrática nacional”.
— Estou me referindo ao vírus da desinformação sobre o sistema eleitoral brasileiro, que, de maneira infundada e perversa, procura incessantemente denunciar riscos inexistentes e falhas imaginárias. Este Tribunal Superior Eleitoral, e toda a Justiça Eleitoral, tem de trabalhar diuturnamente para desmentir boatos sobre o funcionamento do sistema eletrônico de votação e preservar a confiança que nele deposita a grande maioria da população — criticou, sem citar Bolsonaro, nominalmente.
De acordo com o jurista, “a integridade e fidedignidade das eleições brasileiras têm de ser demonstrada não por frases desconexas ou declarações vazias, mas por relatórios fundamentados de especialistas na matéria”.
— Por essa razão, o TSE instituiu a Comissão de Transparência Eleitoral e o Observatório de Transparência Eleitoral, iniciativas que reúnem dezenas de entidades fiscalizadores e de centros de pesquisa em tecnologia, que buscam aprimorar e trazer segurança às nossas eleições. A Justiça Eleitoral brasileira está preparada para realizar, com paz e segurança, as eleições de outubro vindouro — concluiu.